A esperança média de vida entre as mulheres supera a dos homens um pouco por todo o mundo. Mas a “vantagem”, ao contrário do que se possa crer, é recente, e disparou durante o século XX entre os países desenvolvidos. A biologia das mulheres pode explicar muita desta diferença, mas os comportamentos de risco que são mais comuns nos homens, também explicam a discrepância.

Um estudo realizado por investigadores da University of Southern California, nos Estados Unidos, e que foi recentemente publicado na revista científica PNAS, explica o porquê de as mulheres viveram mais, hoje como no século XIX, que é o período em que se inicia o estudo. Foram analisadas as populações adultas, entre os 50 e os 80 anos, nascidas entre 1880 e 1935. Portugal não foi incluído no estudo que abrange 13 países: Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Inglaterra e País de Gales, França, Itália, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça e Estados Unidos.

À medida que, no decorrer do século XIX e começo do século XX, surgiram novos avanços na medicina, e com isso foi possível combater e controlar muitas doenças infecciosas. A melhoria e diversificação da alimentação e a evolução das condições sanitárias das populações, também contribuíram para a diminuição da taxa de mortalidade.

No entanto, e durante esse período, mais concretamente entre 1880 e 1917, a mortalidade feminina caiu 70% mais depressa que a masculina. E é também por isso que, ainda hoje, há uma discrepância muito grande entre o número de homens e mulheres, a qual se iniciou nessa altura. Entre 1800 e 1840 essa discrepância era mínima.

As explicações naturais, e excluindo os períodos de guerra ou os acidentes mortais, são de duas ordens: biológicas e comportamentais. Nas faixas etárias entre os 50 e os 70 anos, os homens não resistem tanto quanto as mulheres a doenças cardiovasculares, o que nos países desenvolvidos pode estar relacionado, acreditam os investigadores, com o consumo crescente e excessivo de gorduras saturadas.

Por outro lado, o consumo de tabaco, durante largos anos, foi um comportamento de risco que era sobretudo tido como sendo “coisa de homens”. Hoje, como antes, o tabaco continua a ser uma das principais causas de morte prematura por todo o mundo, e, por si só, representa 30 % do excesso de mortes entre os homens por comparação com as mulheres.

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