A mediana do tempo de espera para cirurgia registou uma ligeira subida no primeiro semestre deste ano face ao mesmo período de 2014 e foram operados menos doentes do que nos primeiros seis meses do ano passado, de acordo com o “Relatório síntese da atividade cirúrgica programada“. E se há hospitais em que se espera apenas cerca de um mês apenas para se ser submetido a uma cirurgia, noutros o tempo de espera pode prolongar-se por meses.

Excetuando os Institutos Portugueses de Oncologia de Lisboa (1,22 meses), Coimbra (1,60) e Porto (1,63), que é onde se registam os tempos de espera menores para cirurgia, os cinco hospitais onde os doentes aguardavam menos tempo para serem operados, no primeiro semestre deste ano, eram o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures (1,63 meses), o Hospital de Cantanhede (1,67 meses), seguido de Vila Franca de Xira (1,83 meses), Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (1,90) e, por fim, o Centro Hospitalar de São João, no Porto, (2,23 meses). Frise-se, porém, que embora apareça em quinto lugar nesta lista, o CH de São João foi o Centro que mais doentes operou no país nos primeiros seis meses (19.692). Só para ter ideia, o Hospital de Cantanhede, por exemplo, operou, no mesmo período, 552 pessoas.

Por outro lado, é no Hospital Distrital de Santarém que os doentes esperavam há mais tempo, de acordo com o relatório agora divulgado pelo Ministério da Saúde (a mediana de tempo de espera naquela unidade era no final do primeiro semestre de 2015 de 4,80 meses). Segue-se o Centro Hospitalar do Barreiro-Montijo (4,27 meses), o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e o Hospital Fernando da Fonseca, na Amadora, ambos com 4 meses de mediana de espera e a Unidade Local de Saúde da Guarda, com uma mediana de 3,97 meses.

Em termos de especialidades cirúrgicas, era na neurocirurgia que se esperava mais (4,57 meses) e na especialidade de ginecologia era onde se esperava menos (1,8 meses). Em termos regionais, as maiores esperas verificavam-se no Algarve e as menores no Norte.

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No primeiro semestre de 2015, a mediana de tempo de espera para cirurgia fixou-se nos 3,07 meses, ligeiramente acima dos 3,00 meses registados no mesmo período de 2014. Nestes primeiros seis meses, comparando mais uma vez com o período homólogo de 2014, houve menos entradas em lista de inscritos para cirurgia, mas registou-se um maior número de utentes inscritos, o que conduz a uma outra conclusão: o decréscimo do número de doentes operados, para um total de 284.820 pessoas.

Menos utentes a serem operados fora do tempo máximo permitido

Notícia positiva vai para a percentagem de doentes operados para lá do tempo máximo de resposta garantida. No primeiro semestre deste ano “apenas um em cada 10 utentes espera mais de 8,8 meses pela cirurgia, menos que o tempo máximo de resposta garantido”, como se pode ler no relatório.

Ou seja, a percentagem de inscritos em lista de espera para cirurgia que ultrapassaram os tempos máximos de resposta era de 11%, abaixo dos 11,7% registados no primeiro semestre de 2014.

Isto resultou de “um esforço das instituições em chamar os utentes há mais tempo em lista de espera, o que se traduziu numa melhoria significativa do número de inscrições dentro dos tempos máximos de resposta garantidos (TMRG)”.

Também no caso dos doentes oncológicos, houve menos a ultrapassarem os tempos máximos de resposta (16,8%) do que no ano anterior (19,9%). Aliás, este é mesmo o melhor registo da série avançada no relatório. “A redução dos casos em que os TMRG eram ultrapassados demonstra a preocupação das instituições em resolver as situações oncológicas”.

Em todas as regiões a mediana de espera na lista de inscritos para cirurgia variava entre 17 e 25 dias, metade do tempo máximo em oncologia, que é de 2 meses, “demonstrando o progresso obtido na equidade do acesso nas situações mais graves”.

“No contexto de uma resposta continuamente melhorada no acesso a tratamento por parte de doentes oncológicos, continuou-se a observar em 2015 um número crescente de entradas em lista”, lê-se no relatório.