O Financial Times seguiu o caminho que a Time já tinha traçado a 9 de dezembro e elegeu a chanceler alemã Angela Merkel como personalidade do ano 2015, destacando a forma como a sua “liderança forte” na zona euro e na crise dos refugiados ajudou a “desenhar uma Alemanha mais forte”.

A publicação britânica recorda o dia em que Merkel esteve com um grupo de estudantes de uma escola no norte da Alemanha, em Rostock, em plena crise dos refugiados. O vídeo desse encontro, que entretanto se tornou viral, mostra o momento em que uma adolescente palestiniana diz à chanceler que tem medo de regressar para um campo de refugiados no Líbano, caso o pedido de asilo da sua família seja rejeitado.

“Gostava de ir para a universidade. É um objetivo que gostava mesmo de atingir”, disse Reem Sahwil a Angela Merkel. A chanceler alemã respondeu que não podia dizer a todos para, simplesmente, irem para a Alemanha. “Não conseguiríamos gerir tudo”, disse. Mas semanas depois estava a receber centenas de refugiados dentro das suas fronteiras.

A forma como tem lidado com a crise levou os sírios a demonstrarem a sua gratidão à chanceler pelas redes sociais. E o mundo seguiu-lhes os passos. Angela Merkel chegou a ser uma das personalidades apontadas para receber o Prémio Nobel da Paz, em outubro, mas perdeu para os para negociadores do Quarteto de Diálogo para a Tunísia.

Angela Merkel cresceu na Alemanha de Leste. Filha de um pastor luterano, Horst Kasner, a chanceler é evangélica, licenciada e doutorada em Física. Até 1990 – ano em que começou a sua vida política – trabalhou na Academia de Ciências de Berlim, mais especificamente no Instituto de Química e Física. Apesar de ter sido eleita pela CDU, partido cristão e democrático, Angela Merkel chegou a fazer parte da juventude comunista alemã e aprendeu a falar russo.

O Financial Times escreve que a resposta de Merkel à crise dos refugiados “abalou a Europa profundamente” e que “a Alemanha nunca mais será a mesma. Para o bem ou para o mal, a cautelosa Merkel está a transformar um continente com audácia. Mesmo que falhe, já deixou uma marca inegável”, justifica o jornal.

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