Numa entrevista ao jornal espanhol El País, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, não descartou a possibilidade de vir a fazer acordos pós-eleitorais com o Ciudadanos, de Albert Rivera, e com o PSOE, de Pedro Sánchez – sobretudo se ganhar.

“A preocupação de Rajoy é a mudança”, sublinhou Iglesias, que defende que, se a mudança for liderada pelo Podemos, pode permitir uma maioria de governação.

“Se o Podemos estiver mais forte que o Ciudadanos, talvez possamos entender-nos [com o partido de Rivera]”, afirmou. “E se estivermos mais fortes que o PSOE”, acrescentou, “talvez possamos fazer com que mudem e apostem em políticas sociais”.

Também Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista espanhol, já havia sugerido a possibilidade de poder fazer um acordo pós-eleitoral, usando uma estratégia semelhante à de Iglesias: para tal, é preciso que seja o mais votado. No caso de Pedro Sánchez, contudo, não importa apenas ter mais votos que o Ciudadanos e o Podemos: é preciso ter mais votos do que o PP.

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“Haverá continuidade se Rajoy vencer com um voto a mais”, afirmou Sánchez, em dezembro. Porém, caso tal não aconteça, “poderemos falar com o resto das forças políticas relativamente a um programa comum: sejam elas o Ciudadanos, o Podemos, a Esquerda Unida ou o Partido Nacionalista Basco. Chame-se como se chamar”, explicou o líder do PSOE. Só com o PP de Rajoy é que Pedro Sánchez parece não encontrar qualquer ponto de convergência – nem ver nenhuma possibilidade de diálogo pós-eleitoral.

Esta segunda-feira, Pedro Sánchez e Mariano Rajoy estiveram num debate a dois, naquele que foi o terceiro debate em que participou o líder do Partido Socialista espanhol: já Rajoy, fez questão de lembrar Sánchez, não esteve presente em nenhum dos anteriores: no primeiro, organizado pelo jornal El País, o Partido Popular não esteve representado; no segundo esteve presente a vice-primeira-minstra, Soraya Sáenz de Santamaría.

Antecipando o debate, o Podemos lançou um anúncio publicitário muito crítico face às restantes forças políticas espanholas: sugerindo que estas são controladas por terceiros. Com as declarações desta terça-feira, contudo, Pablo Iglesias diferencia claramente os outros três partidos: com o PSOE e o Ciudadanos ainda existem possibilidades de entendimento, com o PP não.

Sánchez e Iglesias out; a Rajoy resta Rivera

As últimas sondagens indicam que o PP de Mariano Rajoy deverá ser o partido mais votado, e que deverá vencer as eleições com maioria relativa. Quer Pedro Sánchez quer Pablo Iglesias já rejeitaram quaisquer acordos pós-eleitorais com o Partido Popular, pelo que a Mariano Rajoy resta a esperança de que Albert Rivera, líder do Ciudadanos, o apoie.

Os sinais do jovem líder do novo partido de centro-direita espanhol têm sido inconclusivos. Sobre o debate entre os dois líderes das principais forças políticas espanholas, Rivera aproveitou para criticar Mariano Rajoy: “Vimos um primeiro-ministro de outra época, de uma época que se esgota”, afirmou, em declarações citadas pelo jornal El Mundo.

O ainda primeiro-ministro espanhol já garantiu que se o Ciudadanos for a força política mais votada apoiará o partido de Rivera. Mas tal não acontecerá. E não é certo que o Ciudadanos faça o contrário. Uma coisa parece certa: dificilmente não estará nas mãos de Albert Rivera a composição do próximo governo de nuestros hermanos. Para que lado oscilará o líder do Ciudadanos, que afirma ser um “partido de centro”, é a grande incógnita do momento: e só deverá ser desfeita depois das eleições de 20 de dezembro.