A Amnistia Internacional acusou hoje a Federação Russa de ter matado “centenas de civis” e causado “destruição massiva” na Síria com as operações aéreas contra zonas de habitação, o que pode “constituir crimes de guerra”.

Os dirigentes de Moscovo envolveram-se militarmente na Síria desde finais de setembro, em apoio ao Presidente sírio, Bachar al-Assad, e afirmam realizar ataques aéreos contra “grupos terroristas”, entre os quais o que se designa por Estado Islâmico.

Mas os países ocidentais e árabes acusam os russos de atacar a oposição moderada, mais do que este grupo.

Em relatório divulgado hoje, a Aministia Internacional acusou a Federação Russa de recorrer a “bombas de sub-munições” e “bombas não guiadas” contra “zonas de habitação com forte densidade de população”.

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A organização não-governamental (ONG) baseada em Londres menciona, entre outras, seis operações nas província de Homs, no centro, Idleb, no noroeste, e Alepo, no norte, entre setembro de novembro, que causaram a morte a “pelo menos 200 civis e uma dezena de combatentes”.

No seu texto, a ONG acrescentou que “alguns ataques aéreos russos parece que visam diretamente os civis ou bens de caráter civil, porque incidem sobre zonas de habitação, onde não há objetivos militares aparentes, e por vezes estruturas médicas, causando mortes e feridos entre os civis”, afirmou Philip Luther, diretor da Amnistia para o Médio Oriente, em comunicado que acompanha o relatório. “Estes ataques podem constituir crimes de guerra”, resumiu.

No comunicado é afirmado ainda que “nenhum alvo militar ou combatente se encontrava na proximidade imediata” dos ataques, considerando-se que “estes ataques podem constituir um atentado ao direito humanitário internacional”.

Em um dos principais ataques documentados pela Amnistia, três mísseis foram disparados contra um mercado muito concorrido, no centro de Ariha, localidade na província de Idleb, causando 49 mortos.

Em outro ataque, pelo menos 46 civis, entre os quais 32 crianças e 11 mulheres, que se tinham abrigado no subsolo de um imóvel, foram mortos em 15 de outubro” na localidade de Al-Ghanto, na província de Homs.

O Observatório Sírio dos Direitos do Homem recenseou, por seu lado, entre o final de setembro e 21 de dezembro, a morte de 2.132 pessoas resultante dos ataques russos, entre os quais 710 civis, incluindo 161 crianças e 104 mulheres. O conflito na Síria já causou mais de 250 mil mortes e milhões de deslocados e refugiados desde 2011.

Outra ONG, a Human Rights Watch, também já tinha denunciado, em 20 de dezembro, A utilização crescente de bombas de sub-munições desde o início do envolvimento russo na Síria.

Estas bombas consistem num contentor que junta várias, por vezes, centenas de mini-bombas. Depois de lançado, o contentor abre no ar, espalhando o seu conteúdo, o que permite atingir uma área superior à coberta por uma único engenho explosivo.