A “estratégia do bom aluno” já vem de 1986? “Merece especial destaque o facto de o atual ministro dos Negócios Estrangeiros não identificar à risca tal estratégia com o último governo, antes a associando ao conjunto dos governos das últimas três décadas, incluindo os do Partido Socialista“, afirmou Francisco Assis, no seu artigo de opinião habitual, no Público. O eurodeputado socialista mostra-se, assim, surpreendido, pela positiva, com o discurso de Augusto Santos Silva no seminário diplomático. E destaca que, numa altura em que se planeia a reforma do modelo europeu, é bom “antecipar uma atitude favorável” do Governo no sentido de uma “evolução no sentido mais federalista”, mas não impedindo a necessidade de refletir sobre um maior equilíbrio entre o ajustamento orçamental e o crescimento económico. Uma conjugação “que Santos Silva faz de forma manifesta”.

Esta posição do ministro dos Negócios Estrangeiros é uma “rutura”, na opinião de Assis, com o “discurso de natureza estritamente partidária” até agora utilizado. “Há que reconhecer que nada no presente circunstancialismo interno apontava para tal posicionamento“, escreve Francisco Assis.

Mas os elogios de Assis a Santos Silva não se ficam por aqui. A cooperação transatlântica e o acordo comercial entre a UE e os EUA é outro dos pontos destacados pelo eurodeputado socialista opositor de António Costa e crítico do atual Governo do PS apoiado pelas esquerdas. Numa altura em que posições políticas de extrema esquerda e extrema direita, na UE, “apregoam a importância de impedir a concretização” desse acordo comercial “reveste-se de excecional significado a vontade enunciada de reforçar a ligação Transatlântica e de valorizar o referido acordo”. Até porque pode ajudar à afirmação dos interesses portugueses, diz Assis.

E em matéria de cooperação transatlântica, Assis ainda refere a reafirmação da participação de Portugal na NATO feita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, e “vontade de prosseguir” o caminho percorrido no âmbito das relações lusófonas e com os países do hemisfério sul. O eurodeputado destaca a importância deste último ponto tendo em conta o papel relevante que Portugal pode vir a desempenhar “no desbloqueamento dos entraves” que não têm permitido a realização de um acordo entre a União Europeia e a Mercosul.

*Texto editado por Filomena Martins

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