O risco de um surto de uma qualquer doença infecciosa por causa da chegada dos migrantes à Europa é extremamente baixo, afirmam a Organização Mundial de Saúde e a União Europeia. Os migrantes, como os refugiados que chegaram aos milhares no ano de 2015, não constituem um risco maior do que qualquer outro viajante internacional. As doenças mais comuns serão aquelas que já existem na Europa e que não se relacionam diretamente com a migração.

“Apesar de haver uma perceção comum de que há uma associação entre a migração e a importação das doenças infecciosas, não existe associação sistemática“, garante Zsuzsanna Jakab, diretora regional para a Europa da OMS, citada pela publicação do Serviço de Pesquisa do Parlamento Europeu.

Regra geral, os migrantes encontram-se de boa saúde antes de iniciarem a viagem, ainda que possam sofrer já de traumas relacionados com os conflitos armados no país de origem. Traumas esses que se podem manter e conduzir a doenças psiquiatras severas. O tratamento nestes casos não é fácil, porque muitas pessoas nem sequer sabem o que é a psicoterapia ou porque, culturalmente, têm dificuldade em falar das emoções.

Depois, as condições a que são sujeitos durante a viagem, e que se continuam a agravar nos campos de refugiados onde são colocados, podem comprometer o estado de saúde. Aqui podem incluir-se, entre outras, as doenças relacionadas com o clima, seja pelo calor extremo ou pelo frio intenso – problemas respiratórios e infeções severas. Segundo o relatório, os problemas de saúde acabam por afetar mais os próprios migrantes do que os cidadãos europeus.

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Numa resposta imediata em termos de saúde pública, a Organização Mundial de Saúde recomenda que os migrantes sejam sujeitos a uma triagem para as doenças que podem trazer consigo e que sejam imediatamente tratados com os melhores recursos disponíveis, independentemente do estatuto legal que apresentem. Garantir cuidados de saúde aos grupos mais vulneráveis, incluindo os migrantes, também tem sido defendido pela Comissão Europeia.

“Não dar aos migrantes sem documentação acesso ao rastreio e tratamento e tratá-los apenas em condições de emergência pode não só ameaçar a saúde do indivíduo como também ser prejudicial para a saúde pública e resultar num encargo económico maior para os sistemas de saúde, isto porque optar por fornecer cuidados de saúde apenas em caso de emergência fica mais caro”, refere o relatório.

O Centro Europeu para o Controlo de Doenças (ECDC) defende que se criem melhores condições de vida e higiene para os migrantes recém-chegados, que tenham acesso a educação e promoção da saúde adaptada em termos linguísticos e culturais, que se faça um rastreio e vigilância de doenças infecciosas e que se promova a vacinação.