A candidata presidencial Marisa Matias prometeu este sábado lutar contra a Constituição dos “donos disto tudo”, “ilegal e secreta” e que se impõe à lei aprovada, afirmando que há candidatos que apenas podiam jurar a capa do texto constitucional.

Num comício que este sábado à tarde esgotou o cinema São Jorge, em Lisboa – que reuniu a família bloquista, o secretário-geral do partido espanhol Podemos, Pablo Iglesias, e até contou com a surpresa do apoio da deputada do PS Helena Roseta – Marisa Matias disse que “há uma Constituição ilegal e secreta que manda em Portugal e é simplesmente a que se faz em Bruxelas e Berlim, nas administrações, na banca e nos gabinetes dos advogados. É a Constituição dos donos de isto tudo”.

Para a candidata, esta Constituição “não escrita impõe-se à lei que foi aprovada” e que “esquece tudo e ignora tudo porque é a lei dos interesses”.

Segundo a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, há “nesta campanha os candidatos da conversa fiada, que têm medo de tudo, que aceitam tudo, que se preocupam muito mais com a cerimónia e com o palácio do que com a dificuldade da vida das pessoas”, ironizando que a leitura de “vários candidatos do texto constitucional não chega sequer ao preâmbulo”.

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E por isso Marisa Matias questiona o que é que estes opositores apoiam, concluindo que é apenas “o nome da lei, a capa da Constituição” e que por isso, caso a jurassem, teriam que alterar o texto e dizer: “juro por minha honra cumprir e fazer cumprir a capa da Constituição da República Portuguesa”.

A eurodeputada do BE recorreu ao escritor angolano Pepetela para um dos momentos mais aplaudidos do discurso – que hoje, ao contrário dos comícios habitual, ultrapassou a meia hora de duração – quando falou dos “calcinhas, que tremem sempre perante os poderes, que andam aprumadinhos na sua farda, que obedecem a tudo, que gostam de tudo, que aceitam tudo”.

“O topo do nosso país está cheio de calcinhas”, disse, considerando que estes “são os reis da política realista e os resultados da política realista são realisticamente a desgraça do nosso país”.

Marisa Matias assume-se como uma das pessoas de um “povo que luta” e deixa o aviso: “eu sou a candidata perigosa para a tristeza, para a fatalidade. Eu vibro mesmo com a luta do meu povo”.

“Eu, Marisa Matias, de 39 anos, vou convoco à guerra contra a política vazia e vou levantar a voz das pessoas que são sempre sacrificadas”, garantiu.

A candidata apoiada pelo BE insistiu ainda na ideia de que ainda é possível uma segunda volta, “que fado não é fatalidade, que a partida não acabou” e que ainda está tudo em aberto nestas eleições presidenciais.