António Costa falou com Isabel dos Santos, teve intervenção no negócio que envolve a empresária angolana no BPI e no BCP. E para os socialistas, faz parte das competências do primeiro-ministro acompanhar o negócio. E mais, por o anterior Governo o não ter feito é que o país está a “pagar caro os erros desse desleixe”, diz ao Observador o secretário nacional do PS, João Galamba.

O primeiro-ministro esteve debaixo de fogo do PSD durante o fim-de-semana por causa da notícia de que teria “autorizado” a entrada da empresária angolana Isabel dos Santos no BCP, saindo do BPI. Passos Coelho pediu um “cabal esclarecimento” a António Costa sobre a alegada intervenção do chefe do Governo no negócio, noticiada este fim-de-semana pelo Expresso. “Não temos boa memória dos tempos em que os Governos se envolviam em processos societários que não respeitam ao Estado”, disse. Além disso, o deputado do PSD, António Leitão Amaro, entregou perguntas na Assembleia da República para que o gabinete do primeiro-ministro responda de modo formal.

Mas entretanto o PS responde por Costa. João Galamba diz que não faz sentido dizer que o acompanhamento por parte de António Costa é um erro porque “é uma competência do Governo e do Ministério das Finanças garantir a estabilidade do sistema financeiro. O envolvimento do Governo é inevitável”, defende.

Para o porta-voz do partido no Parlamento, há várias justificações para que o primeiro-ministro tenha interesse num negócio na banca, mesmo que privada: “O acompanhamento justifica-se não só pela questão legal, mas porque o Estado é também parte interessado.” Em causa está o facto de existirem neste momento várias movimentações na banca portuguesa, que podem, de algum modo acabar por atingir o Estado, uma vez que o Estado é acionista do Fundo de Resolução, principal acionista do Novo Banco.

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Ainda na defesa da ação do primeiro-ministro, o deputado João Galamba marca a diferença para a atuação do anterior Executivo liderado por Passos Coelho:

“É natural que o PSD estranhe que haja interesse do Governo em acompanhar as questões relacionadas com a banca e o sistema financeiro. É pela irresponsabilidade do PSD e do anterior primeiro-ministro em relação a estes assuntos, que estamos todos a pagar caro os erros desse desleixe – como é exemplo vivo disso o caso do BANIF”, diz ao Observador.

Entretanto, as movimentações no setor financeiro português continuam. Chegou a São Bento e a Belém, ainda de acordo com o Expresso, uma proposta para uma viabilização de uma fusão entre o BCP e o Novo Banco. Uma iniciativa na sequência de um manifesto pela não espanholização da banca portuguesa, que está a ser levado a cabo por Alexandre Patrício Gouveia, da Fundação Batalha de Aljubarrota.