O jornal britânico The Independent publica este sábado a sua última edição em papel e os seus responsáveis acreditam que esta opção exclusiva pelo ‘online’ será “um exemplo” que outros jornais no mundo seguirão.

No último editorial do jornal impresso lê-se que a história julgará esta transição para o ‘online’ “como um exemplo para outros jornais no mundo seguirem”.

O texto acrescenta que este é o fim de “um capítulo”, mas que outro se inicia “e o espírito do The Independent continuará a florescer”.

Com cerca de 60 mil exemplares vendidos por dia, incluindo 40 mil assinantes, o The Independent, criado em 1986, é o diário nacional com menos vendas no Reino Unido, atrás dos tabloides The Sun ou Daily Mail e de outros jornais como o The Times, Guardian ou Daily Telegraph.

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No seu melhor ano, 1989, a circulação paga do The Independent chegou a ultrapassar os 420 mil exemplares.

O proprietário do jornal anunciou em fevereiro que decidiu acabar com a sua edição em papel, transformando-se a partir de hoje num título exclusivamente digital, na sequência de um decréscimo contínuo das vendas.

“A indústria dos jornais está a mudar e essa mudança foi iniciada pelos leitores. Eles mostram que o futuro é o digital”, afirmou Evgeny Lebedev, um britânico de origem russa, num comunicado.

A família Lebedev comprou o título britânico em 2010.

Num editorial, o Guardian presta homenagem ao The Independent, que considera um jornal “realmente maravilhoso” atingido pelas mudanças no mercado publicitário.

“Grandes jornais que sobrevivem há séculos veem os seus modelos de negócios desafiados como nunca. Por isso, ninguém celebrará o fim do The Independet em papel”, lê-se no texto do Guardian.

Os dois jornais são conotados politicamente com o centro-esquerda e fizeram campanha contra o envolvimento do Reino Unido na guerra do Iraque de 2003. A última edição impressa do The Independent inclui quatro revistas especiais que olham para os 30 anos da sua história.

O grupo do jornal (ESI Media) também confirmou a venda, sujeita à aprovação dos acionistas, do título “i”, uma versão mais leve do diário The Independent. O título será vendido ao grupo Johnston Press, que também deverá acolher “um número significativo de trabalhadores” do jornal The Independent.

A venda deverá envolver um montante de 25 milhões de libras (cerca de 32 milhões de euros), segundo noticiaram os ‘media’ britânicos.

“Vão existir algumas demissões entre a equipa editorial”, admitiu o grupo ESI Media. Cerca de 150 pessoas trabalhavam para o The Independent.

Atualmente, a página ‘online’ do jornal, com cerca de 70 milhões de visitantes únicos por mês, já é rentável e antevê um aumento de receitas de cerca de 50% para o ano corrente.