Champanhe on the rocks — ou, em português, com umas pedras de gelo a acompanhar. A combinação parece improvável e é bem capaz de deixar muitos apreciadores da famosa bebida produzida na região francesa de Champagne de sobrolho franzido, mas acontece que a moda pegou.

Quem o garante é o norte-americano The New York Times que num artigo publicado no final de julho escrevia que esta era a bebida do momento — entenda-se por esta um champanhe criado pela produtora Moët & Chandon para ser propositadamente servido com gelo. O Moët Ice Impérial é, assim, uma resposta da marca à queda de vendas por altura do verão, mas também uma proposta que parece ter vindo para ficar. E como esta há outras bebidas que merecem atenção.

Vinho do Porto Rosé

À partida parece estranho que ao copo chegue um vinho do Porto Rosé. Só a ideia em si rompe com o tradicionalismo associado à bebida que há muito meteu a região produtora do Douro nas bocas do mundo, mas a verdade é que os Portos rosados andam aí. O primeiro surgiu em 2008 e veio das adegas da casa Croft; de lá para cá foram surgindo outros rótulos, tal como o vinho do Porto Messias, produzido desde 2009. “O vinho do Porto rosé é um vinho que temos tentado inovar e melhorar todos os anos. Tem características especificas, como a cor, a doçura e a frescura, pelo que é um vinho de verão”, diz ao Observador Messias Vigário, neto do fundador das Caves Messias que completam 90 anos de vida em novembro.

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O vinho do Porto rosé é considerado um vinho de verão. (foto: DR)

Certo que a bebida foi desde o início recebida com alguma desconfiança e ceticismo, tanto dentro como fora de fronteiras, mas Messias Vigário garante que esta foi uma tentativa de aproximação do vinho do Porto aos consumidores mais jovens. O vinho em questão pode ser bebido sozinho (sempre fresco, vindo diretamente do frigorífico ou com pedras de gelo a acompanhar) ou na forma de um cocktail.

Cocktails com vinho do Porto

Talvez a pedido dos novos tempos (e tendências), há casas e bares que fazem um brilharete com cocktails onde a estrela é, nem mais nem menos, o vinho do Porto. Exemplo disso é o The Sandeman Chiado que apesar de ocupar lugar no muito turístico Largo Bordalo Pinheiro quer democratizar o vinho fortificado e levá-lo a um público mais jovem e português. É por isso que a carta de cocktails, desenvolvida em parceria com o barman Kiko Pericoli, da Liquid Consulting, aposta em combinações dignas de levar à boca: dos clássicos Splash ou Caipi Sandeman (Porto Tónico e caipirinha de vinho do Porto, respetivamente) às criações de autor com nomes pomposos — Honey I’m Don, Citrus Connection ou One Eight Zero Five. Mas nem é preciso complicar muito até porque, em caso de dúvida, bastam umas pedras de gelo no fundo do copo e uma rodela de laranja para fazer toda a diferença.

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No The Sandeman Chiado o vinho do Porto (também) é servido em formato cocktail.
(foto: © José Campos)

Vinho Azul

Primeiro veio um vinho azul espanhol, depois seguiu-se a versão portuguesa, assinada pela Bacalhôa Vinhos de Portugal. Os mais puristas do néctar podem, muito provavelmente, torcer o nariz ao vinho de cor invulgar mas, segundo o comunicado de imprensa emitido pela marca, este surgiu para satisfazer uma procura de mercado. O Casal Blue Mendes, assim batizado pela produtora associada à Península de Setúbal e certificado pelo IVV como “bebida aromatizada à base de vinho”, é feito a partir de vinho branco, tem apenas 10% de teor alcoólico e apresenta alguma doçura e acidez. A bebida que mais parece ter caído ao mar (e que por lá terá ficado a ganhar cor) está à venda em exclusivo nas lojas da Bacalhôa, isto é, em Azeitão (Bacalhôa Museu), Sangalhos (Aliança Underground Museum) e Bombarral (Bacalhôa Buddha Eden).

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Este é o primeiro vinho azul criado em Portugal. (foto: DR)

Cocktails em frascos ou em sacos

Cocktails enfrascados ou servidos em sacos de plástico não é, assim de repente, a primeira coisa que nos vem à cabeça, mas também eles andam a causar furor. É uma nova moda, com certeza, que a título de exemplo pode ser encontrada no restaurante Isco, cuja carta de cocktails foi desenhada por Dave Palethorpe, do Cinco Lounge, especificamente para acompanhar peixe e marisco. Já no Água da cascata que vai correndo na ribeira e acaba no mar (sim, é o nome do restaurante), um dos cocktails da casa é o batido capucana com cachaça, servido num saco atado por um cordel e com direito a duas palhinhas.

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Há quem se tenha cansado dos tradicionais copos e optado por…sacos de plástico.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

Sidras

A sidra é uma tendência em Portugal desde 2011, garante fonte da Unicer que detém a já familiar Somersby. Desde o lançamento desta bebida, feita a partir de sumo fermentado de maçã e à qual juntaram-se as versões inspiradas nas amoras silvestres e no limão, a marca registou um aumento de vendas de 500%. Talvez seja o sabor adocicado ou o menor teor alcoólico que faça da sidra, servida preferencialmente com muito gelo, uma alternativa à cerveja. O certo é que tanto a Somersby como a inglesa Strongbow, por exemplo, encontram-se com relativa facilidade nos bares e esplanadas que prestam homenagem ao verão. E, cada vez mais, nos copos de quem os frequenta.

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A sidra é considerada uma alternativa à tradicional cerveja.
(foto: Getty Images/iStockphoto/ philipimage)

Vinho Verde

Acidez e frescura é um dos duos de sucesso de qualquer verão. É por isso que o escanção Sérgio Antunes não hesita em apontar os vinhos verdes como aposta ganha para acompanhar as temperaturas mais elevadas. E caso não se recorde, o vinho verde não é feito a partir de uvas verdes — até porque a vindima acontece no momento de perfeita maturação da uva — e pode ser bebido branco, tinto ou rosado, sendo que também existe espumante de vinho verde, aguardente bagaceira e aguardente vínica. Propostas não faltam, mas já antes o presidente da Comissão de Viticultura dos Vinhos Verdes, Manuel Pinheiro, destacou ao Observador as castas autóctones alvarinho e loureiro que trazem frescura e leveza ao vinho.

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O vinho verde nunca falha em altura de temperaturas mais elevadas devido à sua frescura e acidez. (foto: Belic Elena/iStock)