“Estamos a fazer um enorme esforço para estabilizar o nosso setor financeiro.” A resposta é do ministro das Finanças, Mário Centeno, a uma pergunta da CNBC, na segunda-feira e à margem do encontro dos ministros das Finanças da zona euro. Centeno respondia à pergunta sobre se faria tudo para evitar um segundo resgate a Portugal e revelou que esta era sua tarefa principal.

Esta quarta-feira, em entrevista ao programa “Negócios da Semana” da SIC Notícias, a vice-presidente do PSD e ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, considerou a resposta de Centeno “infeliz”. “Se a pergunta foi feita [a Mário Centeno], é um péssimo sinal. Mas não me surpreende — depois das notícias que têm saído — que se faça. A mim ninguém me colocou uma pergunta desta natureza enquanto fui ministra das Finanças. O que responderia? O que responderia é que a questão não faz sentido. E espero, honestamente, que não venha a fazer sentido”, disse.

Afinal, faz ou não sentido falar-se de um segundo resgate? Maria Luís, apesar de crítica, é cautelosa na resposta. “O que nós [PSD] prevemos é uma incapacidade do Governo em fazer crescer a economia. Voltou-se atrás nas reformas do anterior Governo. E isso abalou a confiança dos investidores em Portugal.” E continuou: “Há um risco. O Governo não estabilizou as contas públicas. Mas não há, de todo, a iminência de um segundo resgate. Não acredito que o Governo seja irresponsável ao ponto de deixar isso acontecer. É inimaginável.”

Tal como Maria Luís Albuquerque, também a agência de rating Moody’s considerou que o risco de um segundo resgate a Portugal “é baixo”. E esta quarta-feira António Costa pronunciou-se: “Sempre disse que não faz sentido, não tem qualquer cabimento, falar em qualquer tipo de resgate”. E gracejou sobre o assunto, sugerindo que a oposição, em vez de previsões, se dedicasse a “caçar pokémons”. “Quem anda à procura de encontrar o diabo, mais vale dedicar-se à caça de pokémons, porque caçar pokémons é mais fácil do que encontrar o diabo”, sugeriu.

A vice-presidente do PSD não tardou a responder à sugestão de Costa. “Se já apanhei pokémons nas contas públicas? Acho que a sugestão não me merece comentários. Os riscos são evidentes. E temos [PSD] estado a alertar para as consequências desses riscos. A questão do segundo resgate não foi colocada por nós, mas por observadores externos e com repercussão mediática. Depois do que Portugal passou, seria absurdo voltar à mesma situação”, concluiu.

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