O Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, teve uma reunião na segunda-feira com cerca de 40 jornalistas e outras personalidades de destaque dos media norte-americanos na Trump Tower. Embora o encontro tenha decorrido em off-the-record, os relatos que saíram daquelas quatro paredes na Trump Tower indicam que a reunião foi tudo menos pacífica, com Donald Trump a criticar diretamente alguns dos presentes na sala.

Entre estes, estavam nomes conhecidos como Wolf Blitzer (CNN), George Stephanopoulos (ABC), Charlie Rose (CBS) ou Lester Holt (NBC).

O New York Post, tablóide nova-iorquino que apoiou a candidatura de Donald Trump nas primárias republicanas e nas presidenciais, cita uma fonte que esteve presente no encontro, dizendo que este foi como “a m… de um fuzilamento”.

“A reunião foi um desastre total”, disse uma fonte ao New York Post. “Os executivos das televisões e os pivôs foram para lá a pensar que iam discutir o tipo de acesso é que podiam ter com a administração de Trump, mas em vez disso levaram uma ensaboadela ao estilo de Trump.”

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NEW YORK, NY - NOVEMBER 21: CNN's Wolf Blitzer arrives at Trump Tower on November 21, 2016 in New York City. President-elect Donald Trump and his transition team are in the process of filling cabinet and other high level positions for the new administration. (Photo by Spencer Platt/Getty Images)

Wolf Blitzer, da CNN, foi um dos vários jornalistas famosos que foram à reunião na Trump Tower (Spencer Platt/Getty Images)

“Esta sala está cheia de mentirosos, com os media desonestos e enganadores que se enganaram em tudo”, Trump terá dito.

De acordo com aquela publicação, a mira do Presidente eleito tendeu a cair sobre Jeff Zucker, presidente da CNN. “Eu odeio a vossa televisão, toda a gente na CNN é mentirosa e você devia ter vergonha”, Donald Trump terá dito, segundo a mesma fonte. Durante a campanha eleitoral, a CNN ficou conhecida como a “Clinton News Network” entre os apoiantes de Donald Trump.

Donald Trump terá ainda feito referência a uma jornalista que chorou em direto na noite das eleições, sem referir-lhe o nome. Segundo New York Post, a mensagem assenta em Martha Raddatz, da ABC News. Na noite de 8 de novembro, quando os resultados ainda não eram definitivos mas numa altura em que muito dificilmente a vitória escaparia a Donald Trump, Martha Raddatz emocionou-se quando falava da perspetiva do exército sob uma administração do republicano.

https://www.youtube.com/watch?v=qb0Zc6y3FMo

O relato do New York Post contrasta com as afirmações de Kellyanne Conway, uma das responsáveis da campanha de Donald Trump. “A reunião foi muito cordial, muito produtiva e amigável”, disse ao media. “Também foi muito sincera e honesta.”

Donald Trump cancela reunião com The New York Times — e depois volta atrás

Entretanto, perante um encontro marcado com jornalistas e editores do The New York Times na redação daquele jornal, Donald Trump cancelou a sua presença numa primeira fase. Porém, pouco depois, voltou atrás com a palavra e disse que afinal ia honrar o compromisso. O anúncio foi feito na sua conta de Twitter. “Cancelei a reunião de hoje com o enfraquecido @nytimes quando os termos e as condições do nosso encontro foram alterados em cima da hora. Não é bom”, escreveu. E logo a seguir insistiu: “Talvez seja agendado uma nova reunião como @nytimes. Entretanto, eles vão continuar a cobrir-me de forma errada e com um tom sujo”.

De acordo com um artigo do The New York Times publicado antes da notícia do cancelamento por parte de Donald Trump, o encontro consistirá numa “sessão pequena e off-the-record, seguida de uma sessão on-the-record entre Trump e os jornalistas e os colunistas” daquele jornal nova-iorquino. Segundo uma porta-voz daquele jornal nova-iorquino, a equipa de do republicano terá alegado que a sua agenda preenchida apenas lhe permitiria ter tempo para um encontro off-the-record — algo que o The New York Times terá recusado.

A reunião contará ainda com a presença da filha mais velha do republicano, a empresária Ivanka Trump; o seu chefe de gabinete, Reince Priebus; e Kellyanne Conway.

A relação entre aquele jornal, que apoiou Hillary Clinton tanto nas primárias como nas presidenciais, e Donald Trump tem sido conturbada. Possivelmente, o ponto mais alto desse conflito foi atingido quando o The New York Times publicou um artigo onde duas mulheres acusavam Donald Trump de agressão sexual — isto depois de ele ter negado alguma vez ter tido esse tipo de comportamento, apesar de se gabar disso mesmo num vídeo gravado em 2005.

[Nota: Artigo atualizado às 15h40, dando conta de que, depois de ter cancelado a reunião no The New York Times, Donald Trump irá afinal honrar o compromisso inicial]