Foi em dezembro de 2015 que a atriz Nicola Thorp, de 27 anos, se viu descriminada por usar sapatos de salto raso. A atriz acabara de conseguir emprego como rececionista, em Londres mas, ao chegar à empresa, foi advertida de que os sapatos que usava não eram os mais adequados segundo as exigências do seu chefe, que exigia que as mulheres usassem sapatos entre cinco e dez centímetros.

Como se não bastasse, os seus superiores riram-se dela quando informou de que esta situação era discriminatória e de que não iria sair para comprar uns novos sapatos. Foi prontamente despedida, conta o El País. Foi esta segunda-feira que Nicola Thorp postou uma fotografia no seu Twitter oficial numa pose onde também aparecem duas deputadas do Parlamento de Westminster, juntamente com um relatório com o título: saltos altos e os códigos de vestuário nos postos de trabalho.

Depois deste episódio de 2015, a atriz começou a procurar ajuda, tendo sido informada de que as empresas têm o direito de impor códigos de vestuário no trabalho conforme queiram. Não satisfeita com a resposta, foi em maio de 2016 que a mulher começou a criar uma petição online que pretendia “tornar ilegal que uma empresa possa exigir às mulheres que tenham que utilizar saltos altos no trabalho”. A petição conseguiu angariar 152.420 mil assinaturas e, por isso, obrigou a que os próprios deputados fossem obrigados a debater o tema.

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O comité parlamentar concluiu, então, que era necessário realizar um estudo mais profundo sobre o tema, tendo decidido ouvir as histórias das próprias cidadãs. Para tal, abriu um canal, entre 8 e 15 de junho de 2016, que ganhou mais de 730 testemunhos em apenas uma semana. Analisados os testemunhos, verificou-se que estes códigos causavam não só “dor e problemas, a longo prazo, pela obrigatoriedade de usar saltos altos durante grandes períodos de tempo”, como descobriu ainda que haviam alguns locais que impunham às mulheres “pintar o cabelo de loiro, levar roupas sugestivas ou aplicar constantemente maquilhagem”.

Foi a 24 de junho do ano passado que o Governo Britânico respondeu às mais de 10 mil assinaturas, afirmando que “os códigos de vestuário das empresas devem ser razoáveis e devem incluir requerimentos equivalentes para homens e mulheres”. Mas foi esta segunda-feira, durante a tarde, que o Governo afirmou que as exigências feitas à atriz foram ilegais consoante a lei de igualdade publicada em 2010 que impede que as mulheres sejam descriminadas (o que não tem acontecido).

“O Governo sustenta que a lei vigente é clara e que a exigência do uso de certas roupas que originaram esta petição são ilegais. Ainda assim, os códigos de vestuário discriminatórios continuam muito vastos. Está evidente que a lei atual não é eficaz para proteger os empregados da descriminação no trabalho. Pedimos que se reveja esta parte da lei” conclui o estudo.