Todos os olhos do mundo têm estado concentrados no drama que se vive no México após mais um arrasador abalo que terá feito mais de 200 mortes (no último balanço oficial, Miguel Ángel Mancera, presidente do governo estadual da Cidade do México, falava esta manhã de quinta-feira em 250 de forma provisória, pela possibilidade de haver mais vítimas debaixo dos escombros e pelo cenário de possível duplicação de identidades no rescaldo), mas há um local específico a concentrar todas as atenções. O mesmo local que levou muitos a ficarem acordados durante a madrugada no país: o Colégio Enrique Rébsamen. E assim continua, longas horas depois.

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Localizado num bairro a sul da Cidade do México, em Coapa, foi um dos principais focos desde o sismo de intensidade 7.1. Nas primeiras informações que começaram a circular, apontava-se para um total de 21 mortes no local (a maioria crianças). E as imagens falam por si – aquilo que era um edifício com três pisos que albergava a casa da diretora da instituição, os gabinetes da direção e a zona onde as crianças costumavam esperar pelos pais para regressarem a casa numa das alas do Colégio tornou-se um monte de escombros iluminado durante a madrugada (seis horas a menos de Portugal) por holofotes das equipas de salvamento… e câmaras televisivas.

Ao longo do dia, centenas e centenas de operacionais e voluntários estiveram nessa rua Rancho Tamboreo. No início, havia imagens de salvas de palmas sempre que surgia um pai ou uma mãe com o seu filho; com o passar do tempo, a esperança foi-se desvanecendo. “Passaram apenas quatro segundos entre soar o alarme e a escola cair”, dizia um aluno que estava a regressar ao espaço citado pelo El País. “As pessoas estavam a sangrar, com feridas”, acrescentou. “Estava numa aula de inglês, começámos a sair da sala em direção ao pátio mas parte da escola caiu e não conseguimos ver mais nada. Como o pátio estava também destruído, fomos para uma outra zona até porque disseram que podia haver uma fuga de gás e que tínhamos de sair dali”, explicou outra aluna à Televisa.

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Até que, à tarde no México (noite em Portugal), as atenções se fixaram num único nome: “Frida Sofia”. Um nome que ninguém consegue confirmar nas listagens da escola, um nome que ainda não permitiu que a família fosse encontrada, mas um nome que rapidamente começou a circular depois de uma menina que terá 12 anos ter dado sinais de vida debaixo dos escombros do Colégio, tendo conseguido receber água através de uma pequena mangueira e máscaras de oxigénio enquanto equipas de resgate, exército, bombeiros e voluntários iam mantendo os trabalhos para conseguirem retirá-la do local. A Televisa e a Milenino continuam a acompanhar em direto a situação contada também pela CNN e pela ABC News, entre muitos outros meios de comunicação.

De acordo com responsáveis locais, poderão estar mais crianças (e um adulto) presas nessa zona com a menina. “O resgate está muito próximo”, diziam fontes da Secretaria da Marinha à Milenio Televisión, citada pelo El País. “Sabemos dessa menina que está viva e ela diz-nos que tem outras crianças perto dela. Não sabemos ao certo quantas serão e queremos ter cuidado com a informação que divulgamos”, destacou José Luís Vergara, oficial maior da Secretaria da Marinha ao mesmo meio de comunicação. No entanto, e por uma questão de segurança face à possibilidade de colapso de toda a estrutura, os trabalhos foram entretanto interrompidos.

A Televisa é um dos canais a acompanhar em direto o resgate e explicou que todas as Sofias do Colégio já tinham sido identificadas, pelo que “Frida Sofia”, a menina que está ainda agora à espera de resgate, terá um outro nome. Também a Milenio diz que está a ser complicado encontrar os familiares da menina por falta de informação e os próprios responsáveis pelo resgate fizeram um apelo nesse sentido através dos meios de comunicação. As operações sofreram um atraso nas últimas horas depois de ter sido alterada a forma de chegar ao local devido ao risco de colapso. Já existem equipas médicas preparadas para atuar de imediato no local mal se complete o resgate, de acordo com o El Universal, que aborda também o mistério do nome de “Frida Sofia”.

Pelas últimas informações, foi possível perceber que o nome de “Frida Sofia” terá sido inicialmente referido por um dos socorristas que esteve em contacto com a menina em declarações à imprensa, mas o mesmo, errado, poderá ter resultado das dificuldades de comunicação entre ambos. Entretanto, as operações estiveram interrompidas em virtude da fragilidade que a zona apresenta, estando agora a ser estudada a melhor situação para tentar chegar às crianças resgatadas que inicialmente foram detetadas através de câmaras térmicas. O último contacto conhecido pela imprensa foi feito ainda de madrugada (hora mexicana), com os operacionais a questionarem a menina sobre as condições do local onde se encontrava e se teria madeira ou mármore, por forma a perceber-se como teria desabado a estrutura e de onde vinha a mesa pesada que tem agora por cima de si.

Fátima Navarro, uma outra menina que ficou debaixo de escombros depois do desabamento de dois dos edifícios do Colégio Enrique Rébsament, foi retirada ao final da noite (madrugada em Portugal) após ter conseguido estar em permanente comunicação com os familiares através do WhatsApp, tendo seguido para o Hospital Ángeles. Todavia, e também durante o dia, foi encontrada mais uma vítima no mesmo espaço, uma professora de 58 anos.

Num outro ponto da Cidade do México surgiu também uma história dramática: a mãe de um jovem que estava num dos muitos edifícios que ruíram por todo o país agarrou num megafone e esteve vários minutos a chamar pelo filho, depois de ter sido encontrado alguém com vida entre os escombros através de uma câmara térmica. Continuam em marcha as tentativas para chegar ao local.