Após a destruição provocada pelo furação Maria, que atingiu na quarta-feira a ilha de Porto Rico com ventos superiores a 200 quilómetros por hora, este território nas Caraíbas prepara-se esta quinta-feira para enfrentar inundações potencialmente catastróficas.

O furação Maria, que oscilou entre as categorias 4 e 5 (a categoria mais elevada) quando atingiu a ilha de Porto Rico, deixou um rasto de destruição naquele território norte-americano, com muitas casas danificadas e dezenas de milhares de pessoas obrigadas a procurarem refúgio em abrigos.

Furacão Maria. Nove mortos e Porto Rico às escuras

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Para os próximos dois dias, as autoridades locais aguardam chuvas torrenciais e o centro americano de Furacões (NHC, na sigla em inglês) indicou que a ilha deve esperar entre 50 e 75 centímetros de chuva até sábado, admitindo que estas previsões podem ser mais graves e rondar os 90 centímetros de chuva.

“Se puderem, vão para zonas altas AGORA”, divulgou o serviço meteorológico nacional numa mensagem na rede social Twitter, utilizando letras maiúsculas para acentuar o apelo. O mesmo serviço alertou para a possível ocorrência de inundações “catastróficas” e para o risco de deslizamento de terras.

O governador de Porto Rico, Ricardo Rossello, declarou que o furação Maria foi “a tempestade mais devastadora que a ilha testemunhou no último século”.

Existem muitas inundações, muitas infraestruturas danificadas, o sistema de telecomunicações está parcialmente destruído e a rede elétrica não está a funcionar”, afirmou o governador em declarações à estação norte-americana CNN.

Poucos dias depois de o território ter enfrentado a força do furação Irma, o governador de Porto Rico receia que os danos provocados por esta nova tempestade “possam ser mais severos”. “Se tal acontecer, será uma situação de meses, e não de dias, para colocar tudo em ordem novamente”, declarou Rossello.

A destruição é “praticamente absoluta”, relatou a presidente da câmara de São João, Carmen Lulin Cruz, acrescentando que “muitas partes” da capital de Porto Rico “estão completamente inundadas”.

A vida como a conhecíamos mudou”, disse a autarca.

As autoridades locais confirmaram pelo menos uma vítima mortal em Bayamon, no nordeste da ilha: um homem que foi atingido por uma tábua quando tentava bloquear uma janela. Por razões de segurança, nomeadamente para evitar atos de pilhagem em casas e lojas, as autoridades de Porto Rico decretaram um recolher obrigatório entre o final da tarde e as primeiras horas da manhã.

O NHC informou que o furacão Maria voltou a atingir a intensidade três, de um máximo de cinco, ao aproximar-se do extremo oriental da República Dominicana, com ventos de 185 quilómetros por hora. Esta quinta-feira de manhã, a intempérie localizava-se a 90 quilómetros de Punta Cana e a 380 quilómetros a sudeste das ilhas britânicas Turcas e Caicos avançando a uma velocidade de 15 quilómetros por hora em direção a nordeste.

Trump diz que Porto Rico foi “totalmente destruído” pelo furacão

Porto Rico foi “totalmente destruído” pela passagem do furacão Maria, disse o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à margem da Assembleia-Geral da ONU.

“Porto Rico está num estado muito, muito, muito delicado (…). A rede elétrica está destruída”, disse o chefe de Estado norte-americano.

Ainda na quarta-feira, e perante o rasto de destruição deixado pelo furacão Maria e pelos ventos superiores a 200 quilómetros por hora, Trump declarou o estado de catástrofe natural naquele território americano, medida que permitiu desbloquear fundos federais para apoiar a ilha de Porto Rico.

A presidente da câmara de São João (capital de Porto Rico), Carmen Lulin Cruz, afirmou esta quinta-feira que “a cidade de São João que as pessoas conheciam desapareceu”. A autarca estimou que a ilha de Porto Rico e os seus 3,5 milhões de habitantes fiquem sem eletricidade durante “quatro a seis meses”.

Pelo menos 15 mortos morreram na ilha de Dominica

O furacão Maria, que também passou pela pequena ilha independente de Dominica, fez pelo menos 15 mortos, anunciou esta quinta-feira o primeiro-ministro, Roosevelt Skerrit.

“Até agora, enterrámos pelo menos 15 pessoas”, declarou o chefe do executivo à televisão do país vizinho Antígua e Barbuda, acrescentando que mais 20 pessoas continuam desaparecidas. Segundo Skerrit, “foi um milagre” que o número de vítimas mortais não tenha alcançado as centenas.

O centro do furacão de categoria 4 (o segundo mais grave) atingiu Dominica com violência na noite de segunda-feira e madrugada de terça, destruindo centenas de habitações e danificando os sistemas de comunicações da ilha montanhosa e obrigando ao encerramento do aeroporto.

O primeiro-ministro emitiu um apelo, afirmando que Dominica “vai precisar de toda a ajuda que o mundo puder oferecer”.