Janaúba, uma localidade com 70 mil habitantes a 600 quilómetros de Belo Horizonte, no Brasil, assistiu esta quinta-feira a uma tragédia que matou seis crianças e uma professora. Um dos vigilantes da creche “Gente Inocente” pulverizou várias crianças com álcool para depois lhe deitar fogo. Além dos sete mortos, registaram-se dezenas de feridos e ainda a morte do incendiário.

Numa primeira fase, as autoridades afirmaram que apenas quatro crianças tinham morrido. Mas, durante a noite, outras duas que tinham sido transportadas para o hospital acabaram por não resistir às graves queimaduras.

Enquanto a notícia se ia espalhando, os pais foram correndo para a creche daquele que é um bairro pobre de Janaúba. Ao chegar, depararam-se com uma sala totalmente carbonizada e, alguns, com a notícia da morte dos filhos. Nelson de Jesus Silva foi um desses casos: a filha Ana Clara, de apenas quatro anos, foi declarada morta ainda na escola. “Como a creche é muito perto de casa, ouvimos o barulho e corremos para aqui. A minha filha era muito especial, inteligente. Era muito boa, a minha filha”, revelou à Globonews.

Estava a pensar mudá-lo de escola, porque íamos mudar de bairro. Hoje acordei-o para o deixar na creche e depois vi-o morto no hospital”, dizia Jane Kelly Soares, que perdeu o filho Juan Miguel, também com quatro anos.

Ainda assim, o prefeito de Janaúba, Carlos Isaildon Mendes, referiu que a tragédia poderia ter sido muito mais mortífera. “Podia ter sido muito pior, porque a sala ao lado era o quarto dos bebés e evacuar os meninos dali teria sido muito mais difícil. Onde ele atacou as vítimas eram um pouco mais crescidas e muitas conseguiram escapar”, explicou.

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Entretanto, o presidente brasileiro Michel Temer reagiu no Twitter e disse que espera que algo assim não volte a acontecer no Brasil.

Damião Soares dos Santos, de 50 anos, tinha distúrbios mentais. O delegado da Polícia Civil disse ao diário brasileiro Hoje em Dia que esta “foi uma tragédia cometida por uma pessoa perturbada, um doente. Já apresentava problemas mentais desde 2014″.

As autoridades revistaram a casa do incendiário que acabou por morrer no hospital e descobriram vários garrafões de álcool. A família de Damião dos Santos acrescentou à investigação que esta semana, coincidindo com o aniversário da morte do pai, o vigilante disse aos familiares que lhes ia dar um presente: a sua própria morte. Trabalhava naquela creche há oito anos no turno da noite, sem nunca se cruzar com as crianças. A localidade de Janaúba decretou sete dias de luto.