O Estado português financiou-se esta quarta-feira às taxas mais baixas desde 2015, numa emissão dupla de dívida a cinco e 10 anos que foi a primeira operação de longo prazo desde que a agência S&P subiu a notação de crédito de Portugal para acima de “lixo”.

Os 750 milhões de euros em títulos a 10 anos saíram com uma taxa média de 2,33%. Há um mês, antes da decisão da S&P, o custo por dívida com o mesmo prazo foi de 2,79%.

Foram, também, colocados 500 milhões em dívida com um prazo de cinco anos, em que os juros baixaram de 1,2% (pagos numa operação em junho) para 0,92%.

Especuladores levam juros de Portugal para menos de 2,5%

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Depois da subida do rating pela S&P, vários investidores mais especulativos estão a posicionar-se para que também a Moody’s e a Fitch atribuam uma notação de risco mais favorável a Portugal, o que levaria à inclusão nos principais índices de obrigações numa altura decisiva: o momento em que o BCE se prepara para reduzir as compras de dívida da zona euro.

Filipe Silva, gestor de ativos do Banco Carregosa, diz que esta “é uma excelente notícia para Portugal estar a emitir dívida longa abaixo do custo médio da dívida portuguesa. Isso é que faz, verdadeiramente a diferença nos custos da dívida e que permite reduzir esses encargos, criando uma folga maior”.

O especialista nota que “as taxas baixaram nas emissões nos dois prazos – 5 e 10 anos – face aos leilões anteriores mas, acima de tudo, são as taxas mais baixas desde final de 2015”, o que se explica por Portugal estar “a colher os frutos da subida do rating e da perspetiva positiva dada pela S&P”.

O risco país tem descido substancialmente, o que pode ajudar as empresas portuguesas que pretendam financiar-se no mercado de dívida”, remata Filipe Silva.

O “rating” saiu de “lixo”. E agora?

Os 2,33% pagos por Portugal, a prazo de 10 anos, comparam com os 1,87% que Espanha pagou pelo último leilão de dívida com o mesmo prazo e os 2,19% pagos por Itália.