O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, visitou esta quinta-feira as tropas destacadas na base naval norte-americana na Baía de Guantánamo, em Cuba, naquela que é a primeira deslocação de um chefe do Pentágono desde 2002.

Jim Mattis deslocou-se a Guantánamo, onde está localizada uma controversa prisão militar norte-americana que acolhe suspeitos de terrorismo, para cumprimentar os efetivos por ocasião da época natalícia.

O responsável do Pentágono (sede do Departamento da Defesa) não visitou as instalações do centro de detenção, nem discutiu opções políticas relacionadas com os presos que ainda permanecem em Guantánamo, segundo testemunhou um jornalista da agência norte-americana Associated Press que acompanhou Jim Mattis, que chegou às instalações militares na quarta-feira à noite.

A deslocação de Mattis surge numa altura em que paira a incerteza sobre os planos da administração do Presidente Donald Trump sobre o futuro da controversa prisão militar.

Até à data, Trump não libertou nenhum prisioneiro de Guantánamo ou adicionou qualquer preso à lista dos suspeitos que foram autorizados a regressar aos países de origem ou a ser transferidos para um terceiro país. Durante a campanha presidencial, Trump (que tomou posse em janeiro passado) manifestou vontade de manter aberta a prisão militar e “ocupá-la com criminosos”, mas nunca apresentou um projeto detalhado.

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A prisão militar de Guantánamo, localizada no sul da ilha de Cuba, foi criada após os atentados de 11 de setembro de 2001 para acolher suspeitos de terrorismo.

Mattis é o primeiro secretário da Defesa dos Estados Unidos a visitar Guantánamo desde Donald Rumsfeld, líder do Pentágono na presidência do republicano George W. Bush. Rumsfeld visitou as instalações em janeiro de 2002, algumas semanas depois da chegada dos primeiros presos oriundos do Afeganistão.

Atualmente, 41 prisioneiros permanecem detidos em Guantánamo, dos quais 10 foram acusados numa comissão militar. Um grupo de cinco detidos foi autorizado a sair do centro de detenção, mas o seu estatuto continua em dúvida sob a atual administração norte-americana. Ainda sem acusação, ou sem qualquer avanço para um eventual processo de libertação, está um grupo de 26 prisioneiros.

O encerramento de Guantánamo foi uma das promessas da campanha presidencial de Barack Obama e da sua administração, que chegou ao poder em 2009 e saiu em janeiro passado, mas o processo de esvaziamento da prisão militar foi marcado por várias perturbações.

A oposição do Congresso norte-americano e a relutância dos países em acolherem suspeitos de terrorismo foram apontados como os principais obstáculos ao cumprimento da promessa de Obama.

Antes de sair da Casa Branca, Obama apresentou um plano para o encerramento do centro de detenção, em que identificava cerca de uma dezena de potenciais locais nos Estados Unidos que poderiam acolher os detidos de Guantánamo. Os legisladores americanos opuseram-se ao plano.

Desde que entrou na administração Trump, em janeiro, Jim Mattis pouco disse sobre Guantánamo. O assunto nem sequer foi abordado durante a sua audiência de confirmação no Senado (câmara alta do Congresso norte-americano).

Antes desta audiência, e questionado sobre se os Estados Unidos deviam manter pessoas presas sem julgamento, Mattis respondeu: “A detenção a longo prazo é apropriada quando um inimigo não privilegiado é uma ameaça significativa para a segurança dos Estados Unidos”.

O procurador-geral norte-americano (o equivalente ao ministro da Justiça em Portugal), Jeff Sessions, foi o outro membro da administração Trump que visitou Guantánamo. A deslocação ocorreu em julho passado.

Guantánamo chegou a contar com cerca de 700 prisioneiros e tornou-se sinónimo, a nível mundial, de atos de tortura, de detenções indefinidas e sem julgamento. Os fatos de macaco cor de laranja dos detidos são outra imagem associada a Guantánamo.