É preciso, para derrotar o Rio Ave — este Rio Ave de Miguel Cardoso com “manias” de tiki-taka catalão — retirar-lhe a bola, não permitir que os vilacondenses a circulem e se recriem com ela. Não é surpresa para ninguém que se o permitirem, os adversários vão jogar à rabia. E estando à rabia, enervam-se. E estando nervosos, desconcentram-se. E desconcentrados, sofrem. O Benfica não o permitu. E nunca o Rio Ave chegou esta temporada ao intervalo com uma percentagem de posse de bola (33%) tão reduzida. Mas, surpreendemente ou não, até chegou a vencer.

Chegou por um mas até podiam ser dois. Logo ao minuto nove, Guedes fez o primeiro. Depois de um canto, o Benfica afastou a bola para fora da grande área e esta chegou até Geraldes. Com um drible de corpo, Geraldes deixou Pizzi e Salvio sem reação. Em seguida, e já dentro da área, ultrapassa André Almeida, cruza e Guedes, mais alto do que Rúben Dias, cabeceia com sucesso. Isto atordoou o Benfica. E apenas dois minutos depois, voltava o Rio Ave a fazer a Luz tremer. Neste caso, literalmente: tremeu o poste esquerdo de Varela. Foi depois de um remate de Novais do meio da rua.

Mas não mais o Rio Ave rematou até terminar o encontro.

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Benfica-Rio Ave, 5-1

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Manuel Oliveira

Benfica: Bruno Varela; André Almeida, Rúben Dias, Jardel e Grimaldo (João Carvalho, 88’); Fejsa, Pizzi e Zivkovic; Salvio (Rafa, 35’), Cervi e Jonas (Jiménez, 81’)

Suplentes não utilizados: Svilar, Luisão, Samaris e Seferovic

Treinador: Rui Vitória

Rio Ave: Cássio; Nélson Monte, Marcelo, Marcão e Bruno Teles; Tarantini, Leandrinho (Pedro Moreira, 78’) e João Novais; Barreto (Nuno Santos, 67’), Chico Geraldes (Diego Lopes, 88’) e Guedes

Suplentes não utilizados: Rui Vieira, Silvério, Gabrielzinho e André Silva

Treinador: Miguel Cardoso

Golos: Guedes (9’), Jardel (48’), Pizzi (63’), Jonas (71’), Rúben Dias (83’) e Jiménez (86’)

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Bruno Teles (44’), Jonas (72’) e Nélson Monte (76’)

O Benfica só responderia na mesma moeda (leia-se: perdendo a mania da posse e a resolver de bola parada) após o recomeço. Logo, logo após o recomeço. Foi ao minuto 48. Canto de Cervi à esquerda, Jardel salta na grande área mais alto do que Marcão e cabeceia para o empate.

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Foi o primeiro golo de Jardel na presente época, o 12.º em redondos 200 encontros de encarnado vestido.

Ao minuto 63, a reviravolta. E festejou-a o Benfica euforicamente como de uma final de tratasse – na verdade, e tendo sido a primeira metade da época tão deplorável quanto a resultados, o campeonato (que é o que resta agora) não é uma final; é uma finalíssima. Eis o golo: Cervi desmarca Jonas na grande área, nas costas da defesa do Rio Ave, Jonas cruza e Pizzi remata na passada para o segundo.

O Rio Ave estava irreconhecível (e estranhamente nervoso) após o recomeço e, a menos que se reencontrasse, o marcador não aparentava ficar assim. Não ficou…

Tornaria o Benfica, novamente de bola parada, a dilatar a vantagem. Ao minuto 71, canto de Cervi à esquerda, Jardel amortece de cabeça e Jonas desvia para o terceiro na cara do guarda-redes do Rio Ave, Cássio. Os vilacondenses queixaram-se, exigiam que se marcasse fora-de-jogo. Mas não havia razão de queixa. Pouco depois, ao minuto 83, a mesma receita, o mesmo resultado: canto de Pizzi à direita, Rúben Dias salta sem marcação na grande área e faz o quarto para o Benfica. Estreia-se a marcar na Liga, Rúben.

O desnorte dos visitantes nortenhos era tanto que mais o Benfica atacasse, mais golos surgiriam. O último foi ao minuto 86: Rafa ultrapassa (como quer) Bruno Teles à direita, cruza rasteiro e Jiménez desvia (sem oposição na pequena área para a baliza: 5-1.