Theresa May, primeira-ministra britânica, ordenou a expulsão de 23 diplomatas russos no Reino Unido como medida de retaliação a Moscovo — Londres suspeita do envolvimento de autoridades russas no ataque dirigido a Sergei Skripal, o ex-espião russo que vendeu vários segredos do regime moscovita ao MI6, incluindo a identidade de outros espiões russos que operavam em território europeu.

Todos os contactos de alto nível entre autoridades britânicas e russas foram também cancelados, incluindo uma visita do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, ao Reino Unido. A presença de ministros ou membros da família real no Mundial de futebol deste ano — que tem lugar na Rússia — foi também cancelada.

Sergei Skripal e a filha, Yulia Skripal, foram vítimas de uma tentativa de homicídio em Wiltshire, Reino Unido, e encontram-se ambos em estado crítico. Os dois foram expostos à mesma substância tóxica, um composto químico que afeta o sistema nervoso. O ataque ocorreu a 7 de março e seguiram-se várias semanas de expectativas, com trocas de acusações entre Londres e Moscovo — que sempre jurou inocência no caso.

Ex-espião russo e filha foram envenenados por agente nervoso

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Esta quarta-feira, no Parlamento, May não teve dúvidas: “Não há outro caminho que não concluir que a Rússia é culpa do crime de homicídio na forma tentada contra Sergei e Yulia Skripa — e por atentarem contra a vida de outros cidadãos britânicos”, acusou a primeiro-ministra britânica. “Este não é apenas um acto contra Sergei e Iulia Skripal e contra o Reino Unido mas também uma afronta à proibição da utilização de armas químicas”, afirmou a primeira-ministra britânica, no Parlamento. “Têm uma semana para sair”.

Os 23 diplomas russos foram considerados “agentes de informação não declarados” É a maior medida do género tomada por Londres nos últimos 30 anos.

Theresa May tinha definido um prazo até à meia-noite desta terça-feira para que a Rússia explicasse o seu alegado envolvimento no caso. O agente químico utilizado contra Sergei e Yulia foi é um tipo de agente nervoso que faz parte da série Novichok, produzida na antiga União Soviética durante as décadas de 1970 e 1980.

A primeira-ministra britânica pediu ainda uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para dar conta aos respetivos membros, entre os quais a Rússia, da investigação em curso.

“Nas últimas vinte e quatro horas, falei com o Presidente Trump, a Chanceler Merkel e o Presidente Macron. Concordámos em cooperar ativamente para responder a este acto bárbaro e defender a ordem internacional respeitando regras que a Rússia procura minar. Também falarei com outros aliados e parceiros nos próximos dias. Também registo as fortes expressões de apoio da NATO e dos parceiros de toda a União Europeia”, afirmou May.