Alemanha, França e Reino Unido pediram aos Estados Unidos isenções das sanções norte-americanas para as empresas europeias presentes no Irão, numa carta assinada pelos ministros das Finanças e dos Negócios Estrangeiros dos três países divulgada esta quarta-feira.

Na carta, enviada ao secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e ao secretário do Tesouro, Steven Munchin, os ministros europeus afirmam “lamentar fortemente” a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de se retirar do acordo nuclear de 2015 e pedem a Washington que “conceda isenções das sanções às empresas da União Europeia” que têm relações económicas e financeiras com o Irão desde que o acordo entrou em vigor.

“Enquanto aliados, esperamos que os Estados Unidos se abstenham de tomar medidas que prejudiquem os interesses de defesa europeus”, lê-se na carta, datada de 4 de junho, foi divulgada na rede social Twitter pelo ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire.

“Enquanto aliados, esperamos que os efeitos extraterritoriais das sanções secundárias norte-americanas não sejam aplicados às empresas e aos cidadãos europeus”, acrescentam no documento, também assinado pela chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini. “As empresas da UE têm de poder continuar as suas atividades”, escreveu Le Maire.

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Os ministros europeus pedem ainda que o Irão não seja retirado do sistema SWIFT de transferências bancárias internacionais. Os governos de Berlim, Londres e Paris continuam “convencidos de que o acordo é o melhor meio para impedir o Irão de se dotar de armas nucleares” e esperam que os Estados Unidos “respeitem a decisão política e a boa-fé dos operadores económicos que estão em território legal europeu”.

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a 8 de maio a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear de 2015 com o Irão e o restabelecimento das sanções económicas e financeiras. O acordo nuclear, de que a Alemanha, França e Reino Unido são cossignatários, permitiu o levantamento gradual das sanções internacionais ao Irão em troca do compromisso de Teerão de limitar o seu programa nuclear a fins civis.

Já esta quarta-feira a Comissão Europeia adotou medidas que ajudam a proteger os interesses das empresas da União Europeia (UE) no Irão face às sanções dos EUA e que visam ainda preservar o acordo nuclear assinado com Teerão.

As novas medidas preveem que as empresas da UE presentes no Irão possam financiar-se junto do Banco Europeu de Investimento e deverão entrar em vigor o mais tardar no início de agosto, quando as novas sanções dos EUA contra o Irão começam a ter efeito. Por outro lado, Bruxelas reiterou o seu compromisso com o acordo de não-proliferação nuclear, que Washington abandonou no passado dia 08 de maio.