Os guardas-florestais marcaram uma greve para 20, 21 e 22 de julho, anunciou esta quarta-feira a Federação dos Trabalhadores em Funções Públicas, que acusa o primeiro-ministro de não cumprir a promessa de integrar mais 200 trabalhadores em abril de 2018.

“Vamos fazer uma marcação de greve para os dias 20, 21 e 22 de julho, três dias de greve, em que, no primeiro dia de greve, os trabalhadores vão concentrar-se e manifestar-se à porta do Ministério da Administração Interna, em Lisboa, no Terreiro do Paço”, anunciou hoje no Porto em conferência de imprensa Orlando Gonçalves, dirigente da Comissão executiva da Federação dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte.

Atualmente há 307 guardas-florestais em Portugal – 130 no Norte, que é a região onde se concentram mais efetivos -, mas há 25 anos havia cerca de mil, um número que a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais defende que deve ser reposto.

“A marcação destes dias [de greve] resultou apenas e só da ausência de resposta por parte do secretário de Estado da Proteção Civil e do Governo à continuação da negociação (…) que tinha dito que em 15 dias poderíamos concluir a negociação. O que é certo é que já passou um mês”, lamentou Rui Raposos, assessor da Direção Nacional da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas.

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Segundo a federação, a situação dos guardas-florestais está numa “fase urgente”. “Isto está na fase da urgência. (…) A GNR tem neste momento pronto o aviso de abertura do concurso para os 200 guardas florestais e não a pode publicar em Diário da República, porque o decreto-lei não sai. Sem esse decreto-lei, que define quais são as normas de ingresso na carreira, não há concurso”, disse Rui Raposo, avisando que, além de vários prazos previstos na lei, há ainda a questão dos seis meses de formação necessários para os guardas florestais. “Nós vamos ter guardas-florestais, se isto fosse agora [o lançamento de concurso e a assinatura do decreto-lei], em meados do próximo ano, nunca antes disso”, prevê Rui Raposo.

Orlando Gonçalves afirmou que ministro da Administração interna que extinguiu a carreira dos guardas-florestais foi António Costa, atual chefe do Governo. “Efetivamente foi António Costa que extinguiu a carreira de Guarda-florestal (…). Tenha ele agora a coragem de assumir, direta ou indiretamente, que foi um erro no passado e corrigi-lo agora que tem a oportunidade, mais do que até naquela altura, de corrigir essa situação”, considerou, classificando que até é “digno” que alguém recue numa decisão que o “futuro e o tempo veio a mostrar que não foi a mais acertada”

Orlando Gonçalves pede que o primeiro-ministro António Costa cumpra a promessa que fez aos portugueses após a tragédia dos incêndios e das mortes de 2017 em Portugal. “É preciso que cumpra a palavra que deu aos portugueses que era a contratação, já não vai cumprir pelo menos nos ‘timings’, porque a promessa era abril de 2018 (…), mas que cumpra, mesmo com o atraso que se faz sentir, o mais rápido possível, porque de facto ontem já era tarde”, declarou Orlando Gonçalves.