O secretário-geral do PCP considerou esta quarta-feira que só intervindo no ordenamento da floresta se poderá evitar incêndios com a dimensão do que lavrou em Monchique durante uma semana e apelou à continuidade do esforço de prevenção e combate.

Jerónimo de Sousa falava no sítio da Pedreira, em Silves, um dos três concelhos do distrito de Faro, juntamente com Monchique e Portimão, afetados pelo fogo que deflagrou em 3 de agosto e foi dominado uma semana depois, causando 41 feridos, um em estado grave.

O dirigente visitou vários pontos do município afetados pelas chamas, na companhia da presidente da Câmara, Rosa Palma (CDU), e outros eleitos municipais e militantes do partido.

O secretário-geral do PCP ouviu a presidente da autarquia e o comandante municipal da Proteção Civil de Silves, Nelson Correia, dizer que arderam aproximadamente 10.000 hectares no concelho, mas sem primeiras habitações afetadas, e disse depois que “a tragédia não foi maior porque esta autarquia tomou medidas em relação aos caminhos, aos aceiros, e procurou de facto tomar as medidas de prevenção” atempadamente.

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Vai ser necessário fazer uma avaliação, mas não é tempo de desativar as medidas de prevenção e combate, na medida em que, como é conhecido, as condições climáticas estão longe de melhorar nos próximos tempos, segundo os anúncios da meteorologia, e por isso é preciso manter atenção sobre estas zonas que continuam em aviso vermelho”, apelou Jerónimo de Sousa.

Ressalvando as diferenças entre “a dimensão da tragédia” em vários concelhos da região Centro em junho e outubro do ano passado, o dirigente do PCP observou que “também houve aqui perdas”, embora sem vidas a lamentar, e pediu que “esta população receba o mesmo tratamento que receberam as outras regiões atingidas” pelos fogos de 2017.

O comunista destacou também a necessidade de uma avaliação “visando melhorar particularmente a coordenação das forças que estão envolvidas neste combate aos fogos, nas quais não são dispensáveis a ação das autarquias, naturalmente, dos bombeiros, particularmente os que aqui estão colocados, porque conhecem o terreno, conhecem a realidade, conhecem a população e são de facto insubstituíveis e indispensáveis no combate aos incêndios”.

Jerónimo de Sousa qualificou ainda como “fundamental” a questão do ordenamento do território e considerou que “não é preciso ser nenhum especialista” para perceber que resolver or problemas nesta área e no ordenamento da floresta e do mundo rural é imprescindível para o país não se limitar a “correr atrás do prejuízo”.

Questionado sobre a possibilidade de haver uma comissão parlamentar para analisar a época de fogos, Jerónimo de Sousa disse que “não tem sido por falta de comissões” que os problemas não se resolvem.

“Se nos focarmos no trabalho das comissões, com todo o mérito do trabalho que ele possa realizar, não dá resposta cabal ao problema”, insistiu.

Sobre a retirada de pessoas de casas contra sua vontade quando pretendiam defender as suas propriedades, contada na última semana por moradas, Jerónimo de Sousa reconheceu que “não gostaria de estar numa situação de perder a casa e os bens e abandonar precipitadamente” a residência, mas frisou que isso “colide com outra questão de fundo que é a de salvar vidas humanas”.

“Consideramos é que isso não pode ser usado como um triunfo, uma vitória, na medida em que também há outros valores e outras questões que têm de ser consideradas”, afirmou.

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas consumiram neste incêndio do Algarve cerca de 27.635 hectares.