Os cinco filhos de Sana Ibrahim al-Taee eram membros das forças militares e policiais do Iraque. Quando estes morreram às mãos do Estado Islâmico, a idosa de 60 anos ficou responsável pelos 22 netos.

A família vive num apartamento com quatro quartos na cidade de Mosul, no norte do Iraque. Além de Sana e das crianças — que têm idades entre os dois e 16 anos –, vivem no pequeno apartamento o marido (que sofre de Alzheimer) e duas das viúvas dos filhos.

As dificuldades económicas são elevadas. As viúvas costumavam trabalhar em organizações civis locais, mas acabaram por abandonar estes empregos quando não lhes pagavam o ordenado. Agora procuram trabalho como empregadas domésticas. Assim, a família sobrevive sobretudo de donativos e ofertas caridosas.

Sana aguarda a resposta do governo ao pedido para que lhe seja atribuída uma pensão. O apoio estatal — a que tem direito porque os filhos morreram em serviço — será de 500 mil dinares (cerca de 360 euros). “Espero que as autoridades deem pensões e casas a estes orfãos, porque eu não vou viver até aos 100 anos”, desabafou com a Reuters.

Este valor poderia ser mais elevado, mas a idosa só tem a certidão de óbito (documento essencial para o requerimento da pensão) de três dos cinco filhos. Os outros dois foram enterrados em massa, em sepulturas sem identificação, e Sana não conseguiu recuperar os corpos. Assim, estes são dados como desaparecidos e não como mortos — um problema comum entre as famílias de combatentes no norte e oeste do país, onde o EI dominava vastas parcelas de território em 2014.

“Quando o militantes do Estado Islâmico ocuparam a nossa região, destruíram-nos. Por Deus, os militantes humilharam-nos. Mataram os nossos filhos e não deixaram nada”, lamentou a idosa.

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