Foi assim no Campeonato do Mundo de 2018, tinha sido assim nas anteriores competições, foi assim esta noite na Polónia, vai continuar a ser assim onde quer que Portugal jogue – de uma maneira ou outra, Portugal e Cristiano Ronaldo quase que se confundem e se na Rússia havia milhares de adeptos com a camisola da Seleção Nacional por causa do avançado, em Chorzow marcaram presença alguns jornalistas italianos… mesmo sabendo que o número 7 não estava nos convocados. Polémicas ou idade à parte, a influência do capitão no conjunto de Fernando Santos continua a ser incontornável e nem mesmo a nota artística da exibição frente à Polónia desviou um milímetro o discurso do selecionador a esse propósito no final do jogo.

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“Se Portugal é uma equipa mais solta sem o Ronaldo? Nenhuma equipa pode ser melhor sem o melhor do mundo. Se estivesse aqui não estávamos a falar disso. Não vale a pena falar de quem não está. Esperava isto da equipa, tem confiança e assume o jogo com naturalidade. Ronaldo é sempre Ronaldo”, destacou o técnico que cumpriu esta quarta-feira 64 anos e quatro no comando da atual campeã europeia, título conquistado em França há dois anos, em declarações à RTP.

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“Hoje jogámos com dois extremos, o Cristiano é mais avançado do lado esquerdo que aparece nas zonas de finalização e que nos dá mais capacidade de finalização. Quando ele vier temos de encontrar solução para que tenha os seus movimentos e um jogador para abrir à esquerda. Vamos continuar com estas soluções por agora”, acrescentou Fernando Santos, entre elogios também à exibição de William Carvalho, que cumpriu a 50.ª internacionalização, e ao regresso de Danilo às opções.

Quando Portugal joga o que sabe, todos os Silvas são felizes (a crónica da vitória da Seleção na Polónia)

“Entrámos bem, a controlar a posse de bola mas em vez de concretizarmos, sofremos um golo. Podia ter sido um momento difícil porque os polacos são perigosos em transições. Tirámos a bola ao adversário com uma grande circulação, sabíamos que as alas deles tinham dificuldades e carregámos bem por ali. A equipa manteve a serenidade, controlou os ritmos, chegou ao terceiro golo e depois houve um bocadinho de deslumbramento, com perdas de bola em zonas proibidas. O treinador adversário arriscou, jogou em 4x2x4, criou-nos problemas e a Polónia marcou um golo fortuito, que como estava muito longe não vi se a bola saiu ou não. Os jogadores enervaram-se depois desse momento, criaram-nos alguns problemas, sofremos um bocado mas tivemos oportunidades para fazer o quarto golo”, resumiu numa visão mais abrangente ao triunfo da Seleção.

“Portugal só tem um foco, ganhar. Os resultados em jogos oficiais mostram isso. Umas vezes assim, outras vezes de outra forma. Não se chega a campeão da Europa sem querer ganhar. Os jogos são diferentes, dependem dos jogadores e dos adversários. Umas vezes mais defensivo, outras mais ofensivo, mas a defender bem, porque senão não se ganha. É bom que estes jogadores cresçam em jogos de pontos, é diferente de ser em jogos particulares. Tenho estes aqui e mais 10 ou 20 lá fora”, concluiu, abordando o registo de 25 vitórias, oito empates e apenas duas derrotas (Suíça na qualificação para o Europeu e Uruguai nos oitavos do Mundial) que tem nos encontros oficiais realizados nos últimos quatro anos.

André Silva marcou o primeiro e Rafa “obrigou” ao segundo no jogo onde João Cancelo foi o melhor (JANEK SKARZYNSKI/AFP/Getty Images)

Já Bernardo Silva, que voltou aos golos por Portugal mais de um ano depois (o último tinha sido na Taça das Confederações), salientou a boa resposta que os novos jogadores que têm vindo a reforçar o núcleo-duro da Seleção têm conseguido dar. “A Polónia entrou melhor no jogo do que nós, mas conseguimos criar muitas dificuldades a uma equipa fisicamente forte. Até aos 70 minutos tivemos o controlo do jogo. Houve muitos jogadores que saíram, esta é uma geração nova com uma forma diferente de jogar mas os que chegam têm estado muito bem”, comentou o jogador do Manchester City.