Bem ou mal, o Real Madrid conseguiu quebrar na receção ao Viktoria Plzen uma série de cinco encontros consecutivos sem uma única vitória, já depois de ter estabelecido um novo registo histórico de minutos seguidos sem marcar qualquer golo. Antes da sempre complicada deslocação a Camp Nou, para defrontar o Barcelona, poderia pensar-se que aquele 2-1 tinha sido uma espécie de balão de oxigénio para melhorar o ar que se respira no clube mas o contexto está irremediavelmente complicado para Julen Lopetegui e, depois dos assobios que a equipa ouviu no final do jogo com os checos, sabe-se agora que Florentino Pérez, líder dos merengues, estava apostado em dispensar o treinador ainda antes do clássico com os catalães.

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O El Confidencial traz alguns pormenores sobre os momentos que se seguiram ao triunfo da passada terça-feira. De acordo com o jornal, depois de se despedir de algumas pessoas na zona da Tribuna Presidencial do Santiago Bernabéu, o presidente do Real esteve alguns minutos a olhar para o telemóvel e considerou estar criada uma situação sem retorno, ponderando por isso cortar o mal pela raiz. No entanto, a intervenção célere de José Ángel Sánchez, diretor geral dos campeões europeus, evitou esse cenário em vésperas de clássico, pedindo para que a decisão fosse “congelada” até ao jogo em Barcelona até por forma a conseguir ter uma noção mais clara sobre o perfil desejável para substituir o antigo selecionador espanhol.

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O ABC avança esta quinta-feira que o Real Madrid está apostado em encontrar alguém de “primeira linha”, descartando assim a possibilidade de poder promover Solari ao conjunto principal com receio de poder “queimar” o argentino nesta fase da carreira. O desejado de Florentino Pérez era José Mourinho, até porque, apesar dos problemas com adeptos e jogadores, o técnico português saiu a bem com o presidente e restante estrutura dirigente. No entanto, essa hipótese, que permitiria ter no balneário uma figura disciplinadora que conseguisse também colocar travão na instabilidade que se sente, parece quase impossível a breve prazo. É aqui que ganha força Antonio Conte, italiano que continua sem clube depois de deixar o Chelsea, e um novo nome que surge na órbita dos merengues: Roberto Martínez, selecionador da Bélgica.

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Em paralelo, existem razões paralelas que potenciam a crise que o clube atravessa e que gera uma desconfiança mútua que chega ao próprio balneário. Todos têm a sua queixa: os jogadores queixam-se da falta de apoio institucional perante aquilo que consideram ser um período de desrespeito por parte da comunicação social ao grupo de trabalho, defendem que estão a dar tudo contra todos para melhorar os resultados e ficaram quase em choque ao lerem que Mourinho poderia regressar ao Santiago Bernabéu (sobretudo os capitães, Sergio Ramos e Marcelo); o treinador, ciente de como funcionam as coisas nos bastidores, percebe que está a ser “cozinhado em lume brando” mas recusa ser o único culpado pelo momento que se vive, contando ainda com o apoio da maioria dos atletas; a direção considera que o rendimento da equipa é uma sombra do que se via no passado recente, não compreende a quebra física e recusa justificar os maus resultados com a ausência de Ronaldo.

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Neste contexto, as declarações sempre ponderadas de Emilio Butrageño, antiga glória do clube e atual responsável pelas Relações Externas, no final do encontro com o Viktoria Plzen acabaram por ter um impacto praticamente nulo. “Lopetegui estará sentado com total normalidade no banco de suplentes em Camp Nou. O mais importante agora é preparar esse jogo. Sabemos de todas as dificuldades que iremos enfrentar mas é importante manter a calma, estarmos unidos e confiar nos jogadores, que são muito bons. Vivemos todo este período com normalidade porque o futebol é assim. Existem sempre boatos mas iremos com total confiança para o jogo com o Barcelona, esperando que a equipa faça um bom jogo”, enfatizou.

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Uma coisa parece certa: em caso de derrota no próximo domingo, Julen Lopetegui irá deixar o Real Madrid e nem a avultada indemnização a que terá direito, a rondar os 18 milhões de euros, parece ser entrave para a quebra na ligação. Isto depois de ter sido apresentado há quatro meses no Santiago Bernabéu com alguma polémica à mistura, depois de ser dispensado da seleção de Espanha quando foi conhecido o acordo relâmpago a que tinha chegado com os merengues.