As catatuas fazem uso do bico para construirem ferramentas que lhes permitem alcançar a melhor comida possível. A descoberta é de uma equipa de investigadores da Universidade de Viena, na Áustria, noticia o The Telegraph esta quinta-feira.  Quer perceber tudo? Veja o video.

Habitualmente conhecidas por serem um animal inteligente, já que conseguem abrir fechaduras, ligar formas e até conduzir miniaturas de bicicletas ao longo de uma corda, os cientistas austríacos testaram durante anos seis catatuas de Goffin: Dolittle, Figaro, Kiwi, Konrad, Pipin e Fini.

Inicialmente, concluíram que as aves conseguiam avaliar o comprimento da caixa para chegarem a boas sementes através de um buraco feito numa caixa de acrílico. Depois, e para complicar as contas às catatuas, moveram as sementes para mais perto do buraco, mas, mesmo assim, os animais responderam favoravelmente ao desafio.  “A maneira como os animais demonstram flexibilidade no comportamento de fabricação de ferramentas entre diferentes distâncias sugere que eles pelo menos aprendem a prestar atenção a diferentes condições”, afirma Alice Auersperg, da Universidade de Viena e chefe do Laboratório de Goffin, ao jornal The Telegraph.

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Com a experiência, os investigadores vizualizaram as aves a fazerem uso dos seus bicos como furadores para criar o comprimento da tira de papelão que precisavam, calculando sempre a distância a que estava a comida. Além disso, as catatuas chegavam a rejeitar as ferramentas que consideram que não lhes serviria o propósito. Fini, uma das fêmeas, chegou a fazer uma tira mais fina quando os cientistas fizeram um buraco menor.

“Elas faziam tiras de papelão significativamente mais longas quando a recompensa de comida estava mais longe e tiras mais curtas quando a comida estava mais perto do buraco “, conta Carina Köck, a cientista que conduziu o estudo no Laboratório Goffin.

As catatuas rivalizam o seu nível de inteligência com os macacos e até com humanos de até quatro anos. A prova disso é que a partir do momento em que os investigadores lhes dificultavam os obstáculos, elas ” acabaram por cair na estratégia de fazer ferramentas mais longas, à medida que se tornavam mais eficientes, ou, estrategicamente, faziam ferramentas mais longas, para não correrem o risco de as descartarem”, acrescenta a investigadora.

Muito poucas espécies de animais têm a capacidade de produzir as suas próprias ferramentas para caçar ou pescar alimentos fora do alcance. Mas adaptar ferramentas para diferentes situações representa um desafio cognitivo ainda maior. Os cientistas pensam que estas catatuas desenvolveram estas habilidades, dado que se tratam de animais de ilha, nativas da Indonésia, onde se alimentam de uma variedade de alimentos e criaram uma série de estratégias para o conseguir.

Nesta experiência, os cientistas colocaram as seis catatuas perto de uma caixa  de alimentos que se encontrava entre 1,5 e 6 centímetros atrás de uma folha de plástico com um buraco no centro. Aos pássaros foi dado um pedaço de cartão.