As autoridades de Malta anunciaram este domingo que identificaram o grupo (composto por “mais de dois” cidadãos de origem maltesa) que terá arquitetado a morte da jornalista Daphne Caruana Galizia, especializada em temas anti-corrupção, em outubro do ano passado. A jornalista, natural de Malta, morreu depois de duas bombas terem sido colocadas no carro que conduzia — e ativadas remotamente via SMS.

Na altura, as autoridades rastrearam os sinais de telemóvel das redondezas à data da explosão e detiveram três homens, funcionários de um armazém. Os suspeitos, que se declaram desde sempre inocentes, tinham, segundo a polícia, ligações ao submundo do crime organizado em Malta, mas desde então que não se tinha conseguido apurar o motivo do assassinato nem chegar a quem deu as ordens. Isto partindo do pressuposto de que três funcionários de armazém não teriam especiais razões para, por sua iniciativa, assassinar uma jornalista.

É isso que o jornal Sunday Times de Malta reporta este domingo. Apesar de não revelar os nomes, o jornal afirma que as autoridades identificaram finalmente aqueles que terão sido os autores morais do crime, que planearam e mandaram assassinar a jornalista. O Sunday Times escreve mesmo, citando oficiais de topo, que a “investigação está num estado já muito avançado”.

As fontes citadas por aquele jornal não esclarecem, contudo, se já houve novas detenções ou quanto tempo mais irá levar a investigação. O que o artigo diz é que os investigadores acreditam que quem planeou o ataque teve diferentes motivos, que podem vir do mundo dos negócios, do crime ou do setor político, como Observador deu conta neste artigo de abril. Terão sido essas diferentes motivações que levaram um grupo de “masterminds” a contratar pessoas para executar o crime.

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Segundo a investigação da imprensa, as autoridades de Malta têm estado em constante colaboração com a Europol, contactos esses que se terão intensificado nas últimas semanas, à medida que a investigação chega a bom porto. “Temos uma grande quantidade de dados que precisam de ser analisados, e parceiros como a Europol têm essa experiência e capacidade para nos ajudar no processo”, disse uma das fontes ao Sunday Times de Malta.

Nesse mesmo artigo, a família da jornalista assassinada dá conta de que não foi “formalmente informada” dos avanços na investigação.