A queixa por “má conduta sexual” contra o proeminente padre católico C. John McCloskey, agora com 64 anos, foi feita em 2002, mas só três anos depois o Opus Dei chegou a um acordo e pagou 875 mil euros (977 mil dólares) à vítima. Segundo o The Washington Post, que tem ainda esta notícia em atualização, a queixa só foi divulgada esta segunda-feira. E não será caso único.

Membro do Opus Dei, McCloskey tinha à data uma grande notoriedade por ter convertido ao catolicismo membros influentes da elite política americana, como o professor Newt Gingrich, o analista financeiro Larry Kudlow e o governador Sam Brownback. Era presença frequente em programas de televisão e o seu percurso chamava a atenção, por ser um economista de formação com um emprego promissor em Wall Street que decidiu abandonar tudo para ser padre. Em 2002, precisamente no ano em que se queixaram dele, chegou a dizer numa entrevista que a Igreja Católica nunca iria deixar de condenar o controlo da natalidade, do divórcio e da homossexualidade.

O reverendo McCloskey era diretor do Centro de Informações Católicas em Washington quando a Opus Dei pagou o acordo. Depois disto, as suas aparições públicas reduziram-se drasticamente. Nunca ninguém percebeu muito bem porquê, até esta segunda-feira.

A vítima, que falou ao The Washington Post, disse que recebia dele acompanhamento espiritual quando enfrentava problemas no casamento e atravessava uma depressão grave. E que terá sido por esta altura que o padre terá tido uma “má conduta sexual”, para com ela.  Segundo o Opus Dei, atualmente o padre sofre Alzheimer, em estado avançado, e “não tem nenhuma tarefa pastoral há vários anos”.

O Opus Dei, afirma aquele jornal, terá conhecimento de um segundo caso em que uma outra mulher também terá sido “inapropriadamente abraçada” pelo padre. Ouviu falar, ainda, de um terceiro caso, mas ainda está a tentar chegar à fala com essa vítima.

Na entrevista que deu à brasileira Veja, em outubro de 2002, o padre defendeu o celibato, considerou o abuso sexual de menores um “dos piores crimes que um padre pode cometer” e defendeu uma mudança nos seminários — a propósito dos casos de pedofilia na Igreja. “É imprescindível uma ampla reforma nos seminários. Ou seja, melhorar a seleção, a formação e o treinamento dos futuros sacerdotes. Eles precisam demonstrar completa lealdade aos ensinamentos da Igreja, principalmente no que se refere à sexualidade e ao matrimónio. Com isso, haveria uma diminuição dos casos de pedofilia e do êxodo de padres que deixam o sacerdócio para se casar”, disse.

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