O presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, deu esta quarta-feira de manhã como terminado o cordão de segurança à volta do complexo com um hotel de luxo em Nairobi, capital do país, feito após o ataque terrorista de terça-feira, avança o jornal norte-americano Washington Post. De acordo com novo balanço, o ataque provocou pelo menos 21 mortos e foi reivindicado pelo grupo extremista somali al-Shabab, sediado na Somália, segundo as autoridades.

Na comunicação desta manhã, o presidente declarou o fim do ataque terrorista, que durou cerca de 19 horas, e confirmou que, além dos 14 mortos (confirmados no balanço anterior), cerca de 700 civis foram retirados do local por questões de segurança.

O inspetor-geral da polícia do Quénia, Joseph Boinnet, avançou que 28 feridos deram entrada em diversos hospitais de Nairobi. Entre as vítimas mortais, encontram-se 16 quenianos, um norte-americano, um britânico e “três pessoas de origem africana ainda não identificadas”, precisou Boinnet.

Os ‘jihadistas’ tinham informado que teriam sido mortas 47 pessoas, sem dar pormenores, numa nota divulgada pela sua agência noticiosa. Os hospitais da região estão a pedir dadores de sangue, uma vez que se espera que o número de vítimas continue a aumentar.

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O centro norte-americano de vigilância dos sites ‘jihadistas’ SITE anunciou esta quarta-feira que os islamitas radicais somalis indicaram ter agido em represália à transferência da embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém, que ocorreu em maio de 2018.

Num comunicado divulgado pelo SITE, o al-Shabab afirma que os seus combatentes receberam instruções do chefe da Al-Qaida, Ayman al-Zawahiri, para atacar o complexo DusitD2 “em reação aos comentários estúpidos do presidente norte-americano, Donald Trump, e ao seu reconhecimento de Al-Qods (Jerusalém) como capital de Israel”.

Segundo a agência Reuters, foram ouvidos tiros e explosões durante a última noite e a madrugada, informação que contraria as declarações iniciais prestadas pelo ministro do Interior do Quénia de que a situação teria ficado controlada ainda durante o dia de terça-feira.

O ataque começou pelas 15h (hora de Lisboa) de terça-feira. Foram sentidas explosões e tiros, e testemunhas no local deram conta da presença de quatro a seis atacantes com armas automáticas e granadas. Segundo o chefe da polícia, citado pela France-Presse, o ataque “coordenado” foi levado a cabo também com recurso a um bombista suicida, que se fez explodir no foyer do hotel, que ocupa um dos cinco edifícios do complexo dusitD2. A primeira detonação fez explodir três veículos no parque de estacionamento do complexo. Várias pessoas ficaram barricadas durante cerca de 10 horas e conseguiram pedir ajuda médica através da internet e do telemóvel.

Vídeos partilhados na rede social Twitter mostram pessoas a fugir do local e carros a arder no parque de estacionamento do dusitD2. “Comecei a ouvir tiros e depois vi pessoas a correr com as mãos levantadas, algumas delas a entrarem pelo banco a tentar salvar a sua vida”, contou uma mulher que trabalha num edifício vizinho, citada pelo jornal The Independent.

As forças policiais tiveram de conduzir uma operação para recuperarem o controlo do complexo dusitD2, onde existe, além do hotel, restaurantes, um spa e escritórios, onde funcionam empresas internacionais como a Visa e a Shell. De acordo com o The Washington Post, a zona, que é também um popular destino de compras, continuava interdita ao início da noite, altura em que as autoridades finalmente conseguiram controlar a situação. Não se sabe quantas pessoas continuam no interior dos cinco edifícios.

Atentado reivindicado pelo grupo extremista islâmico al-Shabab

O chefe da polícia nacional queniana, Joseph Boinnet, disse esta terça-feira numa conferência de imprensa que os suspeitos ainda se estavam no interior do complexo, e que era provável que tivessem reféns. Foi formado um cordão de segurança, refere o The Washington Post.

Segundo as declarações de terça-feira do chefe da polícia nacional queniana, Joseph Boinnet, existem fortes indícios de se tratar de um atentado terrorista. O grupo extremista al-Shabab, sediado na vizinha Somália, anunciado, via rádio Andalus, que está “por detrás do ataque”. O porta-voz do al-Shabab avançou a mesma informação à Al Jazeera: “Estamos neste momento a conduzir operações em Nairobi”, disse Abdiaziz Abu Mus’ab.

Em 2013, o al-Shabab levou a cabo um ataque num centro comercial na capital do Quénia e provocou 67 mortos. Em abril de 2015, outro ataque realizado pelo mesmo grupo, matou 148 numa universidade Garissa, zona oriental do país.

Um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América anunciou num comunicado, citado pelo The Washington Post, que a embaixada norte-americana em Nairobi estava a monitorizar o incidente e condenou “este ato de violência sem sentido”. “Estamos a trabalhar com as autoridades quenianas para determinar se há algum cidadão norte-americano afetado”, disse ainda.

(Artigo atualizado às 21h10 com o número de vítimas mortais e motivações do ataque)