Foi uma passagem quase direta de Portalegre para a Guarda, da direção de um centro de formação da GNR para o outro. Nada a estranhar não fosse o coronel agora nomeado para chefiar a formação na Guarda, o mesmo que em dezembro passado foi exonerado de funções na sequência de agressões de instrutores a formandos durante um curso de formação da Guarda Nacional Republicana. A notícia é avançada pelo Jornal de Notícias (conteúdo reservado a assinantes).

No início de dezembro de 2018, numa notícia também avançada pelo JN, soube-se que cerca de 10 guardas em formação foram violentamente espancados por um formador durante o módulo de “bastão extensível” no curso de formação da GNR que decorreu em Portalegre, a que tecnicamente se chama Red Man.

[O que é a prova de “bastão extensível” que lesionou formandos da GNR? Veja o vídeo]

Os formandos sofreram graves lesões, houve recrutas que perderam os sentidos e um deles ficou mesmo em risco de perder a visão por lesões oculares. Alguns tiveram de ser operados no Hospital de S. José, em Lisboa. Tudo aconteceu no curso (o 40.º) que decorreu entre 1 de outubro e 9 de novembro.

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O ministro da Administração Interna acabaria por aceitar a exoneração do coronel Mário Ramos depois de denúncias que motivaram a abertura de um inquérito por parte do Ministério Público. Eduardo Cabrita justificou a decisão com o facto de não ser “admissível a demora na facultação de factos relevantes” e garantiu que irá disponibilizar todas as imagens captadas durante a sessão de formação para propósitos de investigação.

Governo aceitou exoneração do diretor do centro de formação da GNR em Portalegre

Segundo o JN, que diz ter tido acesso a um documento assinado pelo comandante geral da GNR, Luís Francisco Botelho Miguel, o coronel Mário Ramos foi agora nomeado “diretor da Direção de Formação, do Comando da Doutrina e Formação”, com responsabilidades sobre a Escola de Queluz, o Centro de Formação da Figueira da Foz e também do Centro de Formação de Portalegre.

Mário Ramos assumiu novas funções a 21 de dezembro, ou seja, poucos dias após ter sido exonerado pelo Governo (4 de dezembro).

Na altura da divulgação da primeira notícia, o Ministério da Administração Interna ordenou à Inspeção Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito sobre o caso. Numa nota enviada às redações, o ministério referia que o inquérito visava o “apuramento dos factos e determinação de responsabilidade”.

Segundo o ministério, a confirmarem-se, estes factos “não são toleráveis numa força de segurança num Estado de Direito democrático”. No comunicado, o ministério acrescentava que o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, “pediu esclarecimentos ao Comando Geral da GNR sobre os factos descritos na notícia”. Dias mais tarde, o coronel acabava exonerado.

Dez recrutas violentamente agredidos em curso de formação da GNR. Governo ordenou inquérito