O Partido Democrata norte-americano está em turbulência perante os escândalos que afetam os três principais políticos eleitos no estado de Virgínia, com casos de alegações raciais e sexuais, noticia esta quinta-feira a Associated Press.

Tudo começou na passada semana, quando o governador democrata do estado da Virgínia, Ralph Northam, admitiu ter aparecido numa fotografia de cara pintada de preto ao lado de uma pessoa vestida como um membro do grupo racista Ku Klux Klan, num livro de finalistas de curso da Universidade, levando dirigentes do seu partido a exigirem a sua demissão imediata por alegação de racismo.

Na quarta-feira, foi a vez de o Procurador-Geral da Virginal, Mark Herring, confessar que também se mascarou de negro, numa festa de Faculdade, aumentando o mal-estar dentro do partido.

Duas horas depois dessa confissão, os dirigentes democratas foram informados de que o vice-governador do estado, Justin Fairfax, fora acusado de assédio sexual por uma mulher.

O líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, Todd Gilbert, afirmou esta quinta-feira que seria “imprudente” comentar estes casos, pedindo mais tempo para recolher dados adicionais, antes de tomar uma posição.

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Há uma semana, desde que rebentou o escândalo envolvendo o governador Ralph Northam, que vários dirigentes do Partido Republicano, e também do Partido democrata, pedem uma atitude assertiva e dura perante estes casos.

Contudo, esta semana, Ralph Northam deu o dito por não dito e afirmou que, afinal, não é ele que aparece mascarado de negro, no livro de curso, alegando que a confusão se deveu ao facto de se lembrar de, numa outra ocasião, se ter mascarado do cantor Michael Jackson.

Ralph Northam continua a dizer não ter motivo para se demitir, apesar dos vários apelos para que renuncie ao cargo, vindos de ambos os partidos.

Na quarta-feira, também o vice-governador, Justin Fairfax, negou as acusações de assédio sexual de que é alvo, dizendo que é falsa a denúncia feita por uma mulher que diz ter sido obrigada a praticar sexo oral com ele, num quarto de hotel, durante a Convenção do Partido Democrata, em 2004.

A Organização Nacional para as Mulheres emitiu quarta-feira um comunicado pedindo a demissão de Fairfax, dizendo que acreditam na versão da vítima e que o caso é “horrível”.

Já Mark Herring admitiu ter-se pintado de preto numa festa estudantil, dizendo-se “profundamente envergonhado” e admitindo que a sua continuação no cargo de Procurador-Geral terá de ser “muito ponderada”.

Os democratas temem o impacto deste escândalo no prestígio e na autoridade moral do partido nas críticas que têm feito aos comportamentos pessoais e políticos de Donald Trump.

Contudo, para já, os dirigentes do partido preferem uma atitude de reserva e de contenção, dizendo que precisam de conhecer todos os dados envolvendo estes três políticos da Virgínia.

“Todos têm direito a ser ouvidos”, disse quarta-feira a senadora democrata pela Virgínia Barbara Favola, mas reconheceu que estes casos estão a provocar “danos irreversíveis” no prestígio do partido.