Centenas de milhares de argelinos estão esta sexta-feira a concentrar-se no centro da cidade de Argel, na sexta semana consecutiva de protestos contra o presidente do país, Abdelaziz Bouteflika, e a cúpula política do regime.

As palavras de ordem indicam que as manifestações não vão parar “até que caia o regime”, sendo que os manifestantes, além de criticarem Bouteflika, também se mostram contra o chefe do Exército, general Ahmed Gaid Salad, apontado com uma das figuras mais “duras” do círculo próximo do presidente.

Esta semana o general Salad propôs a aplicação do artigo 102.º da Constituição que permite inabilitar o chefe de Estado por motivos de saúde, mas a oposição não concorda, acusando os militares de quererem manter no poder a “cúpula do presidente”.

A aplicação do artigo 102.º prevê a nomeação transitória do presidente do Parlamento, Abdelkader Bensalah, ao cargo de chefe de Estado.

Bensalah é um dos mais firmes defensores da continuidade de Bouteflika como presidente da Argélia.

No passado dia 11 de março, após três semanas de protestos, o presidente Bouteflika, 82 anos e gravemente doente desde 2013, anunciou que se recandidataria a um quinto mandato consecutivo nas eleições previstas para 18 de abril e que o primeiro-ministro seria substituído pelo ministro do Interior, Noureddin Bedaui.

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A proposta não convenceu os manifestantes, que mantêm as manifestações todas as semanas (no dia sagrado para os muçulmanos, sexta-feira) porque consideram tratar-se de uma manobra para os dirigentes se perpetuarem no poder.

Entretanto, juntaram-se às manifestações membros da Frente Nacional de Libertação (FLN), partido no poder desde a independência em 1962 e do partido aliado Reagrupamento Nacional Democrata (RND).

Os sindicatos e outros agentes sociais rejeitaram o diálogo com o novo primeiro-ministro no sentido da formação de um governo transitório de unidade nacional.

Igualmente, elementos da polícia e do Exército começam a juntar-se às manifestações, assim como Ahmed Ouyahia, líder do RND e ex-primeiro-ministro com Bouteflika e Ali Haddad presidente do organismo que reúne o patronato argelino e visto como um homem forte do círculo de poder em Argel.