A Associação das Organizações de Produtores da Pesca (ANOP) do Cerco sensibilizou esta terça-feira a Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar para a necessidade de se aumentar as capturas de sardinha, cuja pesca foi retomada no dia 3.

Humberto Jorge, presidente da ANOP Cerco, disse à agência Lusa que, na reunião com os deputados daquela comissão parlamentar “foram reforçadas as preocupações do setor sobre [o aumento das] possibilidades de pesca para este ano”.

Para este ano, é fixado um limite anual de capturas de 10.799 toneladas, a dividir por Portugal e Espanha, podendo a quota vir a ser alterada em função dos resultados dos cruzeiros científicos, que deverão ser conhecidos até final deste mês.

As organizações da pesca da sardinha de Portugal e Espanha têm vindo a defender um total de capturas de 15.425 toneladas, correspondentes a 10% da estimativa de ‘stock’ existente, fixada em 154.254 toneladas no último parecer do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES, na sigla em inglês) para 2019.

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O setor alerta que a sustentabilidade do recurso não está posta em causa, porque está a recuperar, mas a sustentabilidade económica e social do setor está, se o mínimo de capturas anual não for fixado nas 15.425 toneladas.

Pescadores já podem voltar a capturar sardinhas

O Governo está a aguardar os resultados dos cruzeiros científicos realizados na primavera, ressalvando que, apesar da “ligeira recuperação” prevista, “as estimativas em termos de biomassa, estão ainda distantes dos pontos de referência ideais”, como disse o secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, no final de maio, à Lusa.

Na reunião, o setor alertou também para o facto de as decisões se basearem em “pareceres científicos conservadores e fundamentalistas”, quando os resultados dos últimos cruzeiros científicos e a perceção dos próprios pescadores vão no sentido de haver uma “maior abundância de sardinha”.

Em 2018, o setor atingiu a quota de pesca mais baixa de sempre, quando em 2008 capturava 101.464 toneladas de sardinha.

Em março, as organizações da pesca da sardinha pediram reuniões aos grupos parlamentares com a finalidade de os sensibilizarem para a necessidade de virem a obter possibilidades de pesca superiores às 10.799 toneladas.

Em abril, já tinham sido recebidas pelo PCP e PSD.

A pesca da sardinha foi retomada no dia 3 de junho, depois de ter estado suspensa desde meados de setembro.