Milhares de manifestantes tentaram esta quinta-feira invadir o parlamento georgiano em Tbilissi em protesto contra um deputado russo que se dirigiu à Assembleia Nacional do país a partir da cadeira do presidente da instituição num evento internacional. Entretanto, esta sexta-feira, o presidente da Assembleia Nacional da Geórgia, Irakli Kobakhidze, anunciou a demissão.

“A decisão de Irakli Kobakhidze de abandonar o cargo é uma prova do elevado nível de responsabilidade definido pelo nosso partido e não uma concessão às exigências irresponsáveis dos partidos da oposição”, declarou, em conferência de imprensa, o secretário-geral do partido Sonho Georgiano (no poder), Khakha Kaladze.

A oposição convocou um novo protesto para hoje às 19h locais (16h em Lisboa).

Cerca de 10 mil pessoas, reclamando a demissão do presidente do parlamento da Georgia, conseguiram alcançar o pátio do edifício depois de terem forçado uma barreira da polícia anti-motim, testemunhou a agência France Presse. A polícia conseguiu depois afastar este grupo de manifestantes, quando alguns tentavam já entrar no edifício do Parlamento.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Metade dos feridos continuam hospitalizados, anunciou o Ministério da Saúde. Segundo a mesma fonte, dois terços (160) dos feridos são manifestantes e um terço (80) polícias, vítimas de impactos de balas de borracha e de gás lacrimogéneo.

A imprensa local indicou, por outro lado, que entre os feridos se encontram vários jornalistas que faziam a cobertura noticiosa da manifestação, que foi dispersada com o recurso a gás lacrimogéneo e balas de borracha por parte da polícia anti-motim.

Dezenas de milhares de pessoas começaram por juntar-se no centro da capital georgiana para exigir a demissão do presidente da Assembleia Nacional, Irakli Kabakhidze, depois de um deputado russo ser ter dirigido ao hemiciclo sentado na principal cadeira da tribuna parlamentar.

O deputado comunista russo Sergei Gavrilov falava no parlamento georgiano no quadro de um encontro anual da Assembleia Interparlamentar sobre a ortodoxia, um fórum de deputados de países maioritariamente cristãos ortodoxos.

A presença de deputados russos começou por suscitar fortes protestos na ex-república soviética do Cáucaso, marcada por uma intervenção militar russa e uma curta guerra em 2008, que resultou na perda do controlo das duas regiões separatistas pró-russas da Abecásia e da Ossétia do Sul, na fronteira com a Rússia e onde ainda hoje se mantêm tropas russas.

Um grupo de deputados georgianos da oposição pediu que a delegação russa deixasse o Parlamento em Tbilissi.

Muitos manifestantes exibiram bandeiras da Geórgia e da União Europeia, assim como bandeirolas com o slogan “A Rússia é um ocupante”.

“Esta é uma mobilização espontânea de georgianos comuns, não foi organizada por nenhum partido”, declarou à France Presse Giga Bokeria, um deputado do Partido Europeu da Geórgia (oposição), participante na manifestação.

O milionário georgiano Bidzina Ivanichvili, considerado homem mais poderoso do país, que dirige o partido O Sonho Georgiano, declarou através de um comunicado “partilhar plenamente a indignação sincera dos cidadãos georgianos”. “É inaceitável que o representante do país ocupante presida a um encontro no parlamento georgiano”, acrescentou, indicando ainda ter pedido ao presidente da Assembleia Nacional para suspender a sessão.

Notícia atualizada às 14h42 com o anúncio da demissão do presidente da Assembleia Nacional da Geórgia.