Uma pessoa “emocional” e com falta de “princípios morais”. É assim que o Dalai Lama caracteriza Donald Trump, durante uma entrevista à BBC. “Um dia diz uma coisa, no outro dia diz outra”, disse o líder espiritual tibetano, que vive no exílio, na Índia, há 60 anos. A propósito da aproximação dos seus 84 anos de idade, o Dalai Lama concedeu a entrevista à rede televisiva britânica e, quando questionado sobre o presidente norte-americano, afirmou, sem hesitação: “Acredito que lhe faltam princípios morais.”

“Quando se tornou presidente, disse aquilo da América primeiro [o slogan America First]. Isto é errado. Os Estados Unidos deveriam assumir responsabilidade global”, disse, ainda acrescentando esta política o deixa “desconfortável”.

O Dalai Lama — que tem um historial de boas relações com os presidentes norte-americanos — afirmou ainda que as emoções de Trump “são um pouco complicadas”. O líder espiritual do Tibete tem sido recebido na Casa Branca por todos os presidentes norte-americanos desde 1991, na era da administração de George Bush (pai). Desde então, só Donald Trump não lhe endereçou o convite.

“Deixem a Europa para os europeus”

Sobre a Europa e a crise de refugiados, Dalai Lama considerou que o continente deveria ser deixado para os seus nativos. O papel dos países europeus deve ser, na sua ótica, de ajudar os refugiados a voltarem ao seu país de origem. “Acho que eles [refugiados] estão melhor na terra deles. Deixem a Europa para os europeus”, defendeu o líder espiritual.

À Europa, disse, caberia dar educação aos migrantes que chegam ao continente, para que possam voltar aos seus países de origem, capacitados para os erguer de novo. “O objetivo deveria ser que os migrantes regressem ao seu país e ajudem a reconstruí-lo.” Sobre a possibilidade de ficarem na Europa, caso assim desejassem, o Dalai Lama responde: “Um número limitado… OK. Mas a Europa inteira eventualmente tornar-se um país muçulmano? Impossível. Ou um país africano? Também impossível.”

“Temos de ser práticos. É impossível que venham todos”, disse o Dalai Lama, imediatamente confrontando pela jornalista com o facto de ele próprio ser um refugiado na Índia desde 1959. “Acho que eles estão melhor na sua terra. Melhor. Deixem a Europa para os europeus.”

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