Os polícias do Movimento Zero, criado através das redes sociais e do qual fazem parte agentes da PSP e militares da GNR, vestiram camisolas brancas e voltaram-se de costas quando o diretor nacional da PSP Luis Farinha começou a falar na cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, mantendo-se nesta posição até ao final do discurso.

Quando o ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita começou a discursar os polícias saíram em silêncio e de forma ordeira, levantando os braços e fazendo o gesto do zero com os dedos. Quando já estavam a alguns metros do local da cerimónia bateram palmas.

Num outro local, na Praça do Império, junto do Museu Nacional de Arqueologia, cerca de 20 elementos do Corpo de Intervenção vestidos com camisolas pretas também mostraram a sua indignação através do silêncio e virados de costas para o diretor nacional da PSP, tendo posteriormente abandonado o local quando Eduardo cabrita começou a falar.

Um grupo de polícias criou o Movimento Zero para protestar contra as condições de trabalho, baixos salários e recentes acontecimentos como o julgamento do caso da Cova da Moura, em que oito polícias foram condenados, e o caso que envolveu confrontos entre agentes e moradores do bairro da Jamaica, no Seixal. Este movimento, que reúne atualmente mais de cinco mil polícias e militares da GNR troca mensagens na aplicação de telemóvel Telegram e diz que enviou uma carta ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, ao ministro da Administração Interna e à direção nacional da PSP.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Movimento Zero. Cinco mil polícias evitam intervenção nos bairros problemáticos

Na carta, divulgada em 31 de maio, os polícias referiam que desde 21 de maio estão a “desempenhar as funções com proatividade nula”, não efetuando “abordagens a viaturas ou cidadãos”, não intervindo em “situações de alteração de ordem pública sem que se encontrem totalmente reunidas as condições de segurança”.

Além disso, não levantam “autos contraordenacionais, salvo nas situações estritamente necessárias”. Os elementos da PSP e GNR pretenderam também alertar o poder político para a falta de condições dos polícias e para não se desvalorizar esta situação.