O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse esta sexta-feira que o Governo do PS “nunca iria tão longe se não fosse o PCP e a CDU”, em resposta a Carlos César que pediu “maioria clara” nas eleições legislativas.

“Hoje [sexta-feira] um dos dirigentes máximos do PS declarava que existe a necessidade de uma maioria clara, seja lá o que isso for, para que o PS não tenha de se sujeitar às exigências de outros”, disse o secretário-geral do PCP durante um jantar na Feira de Agosto, em Grândola, no distrito de Setúbal.

Perante uma plateia de mais de duas centenas de pessoas, Jerónimo de Sousa não deixou de questionar a quem se referia o presidente e líder parlamentar do PS.

“Quem são os outros e quais são as exigências?”, questionou, para acrescentar algumas das conquistas do PCP e da CDU ao longo da legislatura.

Neste âmbito exemplificou com “a gratuitidade dos manuais escolares, a evolução das carreiras e dos salários, e o estatuto dos trabalhadores da administração pública e das forças de segurança, s necessidade de considerar no Orçamento do Estado (OE) 1% para a Cultura ou a redução dos passes intermodais”.

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Considerando que o PS tem mostrado “preocupação pela posição do PCP” em relação à legislação laboral, o líder comunista adiantou que o objetivo do partido de António Costa passa por alcançar a maioria nas próximas eleições para “ficar com as mãos livres”.

“Esta legislação laboral que o PS viu aprovada, com a bênção do PSD e do CDS e com apoio do patronato, significa que o que o PS quer com estas eleições de 06 de outubro é ficar com as mãos livres para fazer aquilo que entende e não fazer aquilo que é necessário para o nosso país em termos de direitos e rendimentos”, alertou.

Segundo Jerónimo de Sousa, “se o PS tivesse a tal maioria absoluta ou clara teríamos o retrocesso em muitas áreas sociais”, considerando que “se não houvesse reforço da CDU aí estariam eles de mãos livres para prosseguir traços fundamentais da política de direita”.

O secretário-geral comunista destacou, ainda, que “avanços e conquistas foram possíveis pela ação decisiva do PCP e do PEV, como a reposição dos salários roubados, o aumento das reformas, das pensões, a reposição do subsídio de Natal por inteiro, o alargamento do abono de família, os manuais escolares gratuitos, o descongelamento das carreiras ou o desagravamento do IRS”.

No encontro com candidatos, militantes e simpatizantes do PCP no litoral alentejano, o líder comunista criticou ainda o financiamento do Governo ao Novo Banco.

“O Governo está disposto a dar mais uma fatia de 570 milhões de euros para o Novo Banco facilitando, assim, a vida à multinacional que tomou conta do banco. Não há dinheiro para acudir à saúde, atender às reivindicações dos trabalhadores, mas há para acudir ao Novo Banco, aos banqueiros e às suas vigarices e a este esquema que atualmente existe nas Finanças”, criticou Jerónimo de Sousa.