Os entendidos em futebol costumam dizer que há posições no campo em que os jogadores que as ocupam realizam grandes jogos quando ninguém fala deles. Quer isto dizer que há funções no relvado, no sistema tático das equipas, em que o papel de um ou outro elemento passa praticamente despercebido, entre o destaque de quem marca golos ou o destaque de quem os sofre: quando se fala dos jogadores que ocupam estes espaços, é porque cometeram um erro. Quando não se fala deles, é porque foram praticamente perfeitos.

Ora, este sábado, na vitória do FC Porto na Luz perante o Benfica, seria fácil destacar o golo de Zé Luís, a importância de Marega na toada ofensiva dos dragões, a velocidade de Luis Díaz e a soberania de Pepe. De Uribe, poucos falam. Numa retrospetiva rápida daquilo que foram os 90 minutos do primeiro clássico da temporada, dificilmente alguém — exceto os mais atentos — se lembraria de recordar um grande rasgo de Uribe, um grande lance de Uribe, uma grande ação de Uribe. Ainda assim, o médio colombiano, que chegou aos dragões para substituir Herrera, foi um dos melhores da equipa de Sérgio Conceição, faz uma dupla muito acima da média com Danilo e é o equilíbrio de que o jovem Romário Baró precisa para se sentir seguro e confiante.

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Uribe terminou a partida com 97% de acerto de passe, fez quatro interceções e foi o rei dos desarmes, já que recuperou a bola em 14 ocasiões (mais uma do que Grimaldo). O médio de 28 anos contratado ao América do México, que esteve na Copa América com a seleção da Colômbia, entrou de forma natural no onze de Sérgio Conceição e parece ser um dos indiscutíveis da nova e reconstruída equipa tipo dos dragões. Herrera saiu e deixou no vácuo o papel de líder que parece estar a ser substituído por Danilo, o papel de incansável que será sempre substituído por Pepe e ainda o papel de pêndulo invisível, cada vez mais a cargo de Uribe.

O médio esteve na Copa América com a seleção colombiana

O médio colombiano, que no país de origem representou o Envigado, o Tolima e o Atlético Nacional, recebeu de James Rodríguez as palavras de incentivo necessárias para enfrentar um jogo da importância como o deste sábado. O atual jogador do Real Madrid, que é colega de seleção de Uribe e representou o FC Porto, disse em declarações ao jornal O Jogo que o médio “já tem muita experiência”. “Desejo-lhe a maior sorte no clássico. Tenho certeza de que vai fazer as coisas muito bem neste jogo e no FC Porto”, garantiu James. Uribe, que usa o nome Matheus na camisola — chama-se Andrés Mateus e acrescentou o ‘h’ “pelo estilo”, como o próprio admite –, é talvez a contratação dos dragões, dos jogadores que estão a ser utilizados, que menor destaque tem merecido. Ainda assim, é provavelmente a contratação dos dragões que maior destaque vai merecer a longo prazo.