O presidente francês, Emmanuel Macron, na linha da frente nas pressões sobre o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, na luta contra os incêndios na Amazónia, foi este domingo insultado no Twitter por um ministro brasileiro.

“Macron não está à altura deste embate. É apenas um calhorda oportunista, buscando apoio do lóbi agrícola francês”, escreveu no Twitter o ministro da Educação brasileiro, Abraham Weintraub, numa referência à oposição do presidente francês ao acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul), composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

“A França é uma nação de extremos. Gerou homens como Descartes ou Pasteur, porém também os voluntários da Waffen SS [braço armado do partido Nazi]”, prosseguiu. O ministro brasileiro acrescentou ainda que os franceses “elegeram um governante sem caráter”, mas admitiu que o “Brasil já elegeu governantes que chamavam fascínoras como o Kadafi de irmão”. “Os franceses elegeram esse Macron. porém, nós elegemos Le Ladrón, que hoje está enjauladón…”, disse, sem referir nenhum nome. “Ferro no cretino do Marcon, não nos franceses”, concluiu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Eduardo Bolsonaro, filho do presidente brasileiro e deputado federal, também tem recorrido ao Twitter para dirigir críticas ao governante francês. No dia 23 de agosto, retweetou um vídeo com imagens dos  confrontos com os coletes amarelos em França e o texto “Macron é idiota” e escreveu: “Recado para Emmanuel Macron”. Este domingo, referindo-se ao acordo entre a UE e o Mercosul, disse: “Provavelmente Macron está sofrendo pressão de seus produtores agrícolas, acostumados a cultura protecionista, que não curtiram o acordo Mercosul-UE. Lamentável que ele tenha essa conduta tão baixa. E é fato que isso demonstra desespero por popularidade”.

O acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, integrado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, foi fechado em 28 de junho, depois de 20 anos de negociações. O pacto abrange um universo de 740 milhões de consumidores, que representam um quarto da riqueza mundial.

Macron, que pediu que se tomassem “medidas concretas” sobre a questão da Amazónia na cimeira dos G7, que se realiza este fim de semana no sudoeste de França, recorreu ao acordo comercial para pressionar o Brasil, como explica o Globo — se o governo brasileiro não respeitar as exigências do Acordo de Paris sobre o clima, a França não ratificará o pacto. A iniciativa recebeu o apoio de países com menor peso político, como a Irlanda, mas foi acolhida com reservas pela Alemanha e Reino Unido.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados, e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.