As alterações climáticas serão o centro das atenções de um seminário subordinado ao tema “Territórios UNESCO e Alterações Climáticas: desafios e soluções”, que decorrerá a 4 de outubro no Museu do Côa, anunciou esta quinta-feira a organização. “O objetivo essencial deste semanário é compreender os impactos das alterações climáticas sobre o valor excecional dos bens classificados em Portugal, sejam eles sítios ou monumentos, e que vai juntar um conjunto de especialistas nesta matéria que considero”, disse à Lusa o presidente da Fundação Côa Parque, Bruno Navarro.

O seminário resulta de uma parceria entre a Comissão Nacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) e a Fundação Côa Parque. “O Vale do Côa está inserido num território muito sujeito a este fenómeno das alterações climáticas. Recordo que somos o maior santuário de Arte Rupestre ao ar livre do mundo, tornando-o assim mais vulnerável a este tipo de mudanças climáticas face ao património do género que existe em grutas ou cavernas em vários países da Europa “, vincou o responsável.

Bruno Navarro defende que é preciso agir neste contexto das alterações climáticas, “pretendendo criar um plano de gestão de risco e sustentabilidade”. “Este plano começou a ser delineado em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), tendo sido alvo de duas candidaturas a fundos comunitários, dos quais ainda não temos resposta. O objetivo de futuro é fazer uma monitorização do Parque Arqueológico do Vale do Côa, de forma permanente para que possamos antecipar os efeitos das alterações no clima”, vincou o presidente da Fundação Côa Parque.

De futuro, a fundação pretende colocar um conjunto de sensores ao longo do parque com a finalidade de fazer “a atualização permanente sobre o aquecimento, humidade ou a deteção de incêndios florestais”. Segundo os responsáveis pela gestão da fundação, “as alterações climáticas constituem uma preocupação atual da UNESCO que, na área da cultura, tem vindo a mobilizar a comunidade patrimonial para a ação climática”.

“No que se refere ao Património Mundial, a preservação e conservação dos bens reconhecidos no âmbito da Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural exige a compreensão dos impactos das alterações climáticas sobre o valor universal excecional dos bens, por forma a que possa ser dada uma resposta eficaz”, adianta a fundação, sediada em Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda.

Como uma imensa galeria ao ar livre, o Vale do Côa apresenta mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 80 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 30 mil anos.

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