Este sábado, em Inglaterra, encontravam-se as únicas duas equipas que ainda não conseguiram pontuar na Premier League. O Wolverhampton, penúltimo, recebia o Watford, último, e tanto o conjunto de Nuno Espírito Santo como o de Quique Flores perseguiam o primeiro resultado positivo na Liga desde o início da temporada. E tanto Wolves como Watford, cada um à sua maneira, vinham de jogos que podiam servir de catalisador para uma vitória que tinha como objetivo encerrar um capítulo e começar outro.

Jogos a meio da semana para a Taça da Liga à parte, o Wolverhampton chegava a esta jornada depois da derrota em casa com o Sp. Braga, para a Liga Europa, e também do empate com o Crystal Palace, carimbado no quinto minuto de descontos com um golo de Diogo Jota; já o Watford, que já trocou de treinador desde o início da época, foi brutalmente goleado pelo Manchester City na semana passada (8-0), depois de ter obrigado o Arsenal a um empate na jornada anterior. Ora, se o Wolves poderia apoiar-se no entusiasmo do golo tardio de Jota, o Watford poderia tirar algum tipo de inspiração do resultado com os citizens e tentar apagar essa memória com a primeira vitória.

Contas feitas, Nuno Espírito Santo retirava Diogo Jota do lote de convocados — sem explicação aparente, parece que o avançado português foi poupado para o jogo de quinta-feira com o Besiktas — e lançava Pedro Neto no onze inicial, que apoiava Raúl Jiménez e Adama Traoré. Mais atrás, João Moutinho era o único representante português no meio-campo, já que Rúben Neves começava no banco (tal como Domingos Quina, do lado do Watford). O Wolves começou melhor, com as linhas mais subidas e mais vontade de chegar perto da baliza adversária, enquanto que o conjunto de Quique Flores optou por manter a primeira fase de pressão e construção muito recuada, sem explorar a profundidade nem a velocidade de Welbeck. O primeiro sinal de que seria Pedro Neto o principal desequilibrador do Wolves chegou logo ao minuto 9, quando o jogador português se soltou na direita para tentar servir Raúl Jiménez ao segundo poste.

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O avançado ex-Lazio, que a par de Bruno Jordão repôs o contingente português do Wolverhampton depois dos empréstimos de Ivan Cavaleiro e Hélder Costa, foi o melhor dos 20 minutos iniciais do jogo e aparecia tombado tanto na meia esquerda como na meia direita, à procura do espaço entre linhas que poderia desembocar em desmarcações na zona de finalização. Foi assim que o Wolves acabou por chegar à vantagem, através do corredor esquerdo: Pedro Neto recebeu um passe longo encostado à linha, deixou em Moutinho, que entregou a Jonny Castro, e o espanhol devolveu a Neto, que cruzou rasteiro para a entrada de Doherty na pequena área, que só precisou de encostar para a baliza deserta (18′).

Pedro Neto esteve em destaque durante a primeira parte do jogo deste sábado

Até ao intervalo, o Wolves tirou o pé do acelerador e permitiu algum espaço e alguma posse de bola ao Watford que, ainda assim, foi para o balneário sem ter criado qualquer oportunidade: o lanterna vermelha da Premier League não conseguia fazer mais do que aplicar um jogo muito rendilhado, com muitos passes curtos à volta da grande área de Rui Patrício, e nem Deulofeu nem Sarr realizavam movimentos de rotura que pudessem descobrir zonas nas costas da defesa. Na segunda parte, o Watford voltou com mais vontade de procurar a baliza do guarda-redes português, que tinha sido um mero espectador durante a primeira parte, e estiveram perto de empatar depois de um grande trabalho de Pereyra (que tinha entrado ao intervalo) na direita (52′).

Com a equipa muito encostada ao próprio meio-campo, Nuno Espírito Santo trocou Pedro Neto por Morgan Gibbs-White e Raúl Jiménez ficou quase isolado na frente de ataque, à espera de ser lançado na profundidade, enquanto o Watford guardava a bola até conseguir encontrar corredores de rotura (chegando, por volta do minuto 60, a ter 70% de posse). Foi precisamente nessa altura, em que o conjunto de Quique Flores estava a tomar conta da partida, que o Wolves conseguiu aumentar a vantagem de forma totalmente inesperada: Adama Traoré cruzou na direita, Jiménez desviou de cabeça para tentar assistir Jonny Castro ao segundo poste e o lateral holandês Janmaat desviou para a própria baliza (61′). O lance de sorte, que contrasta em toda a linha com o infortúnio que o Wolverhampton tem tido desde o início da temporada, parecia ser o sinal definitivo de que a equipa de Espírito Santo tinha este sábado consigo uma espécie de estrelinha.

Até ao final da partida, os foxes conseguiram segurar os dois golos de vantagem e carimbaram a primeira vitória da época na Premier League na antecâmara da visita ao Besiktas para a Liga Europa. Pedro Neto, que foi titular no lugar que costuma ser de Diogo Jota, foi o melhor elemento dos Wolves na primeira parte, ofereceu o golo inaugural a Doherty e foi sempre uma peça em constante atividade na frente de ataque da equipa, mostrando desde já que é mesmo uma opção a ter em conta para a restante temporada. E quando saiu, ainda no início da segunda parte, saiu perante um Molineux inteiro que entoava “Pedro, Pedro, Pedro”. Depois de Jota, Moutinho, Patrício e Neves, há agora um novo nome português para cantar em Inglaterra e em Wolverhampton.