A 10 de novembro de 2018, João Félix comemorou 19 anos quando ainda fazia parte da formação do Benfica mas já se tinha estreado pela equipa principal pela mão de Rui Vitória. Um ano depois, João Félix comemora este domingo 20 anos já no plantel do Atl. Madrid, depois de se ter tornado o grande destaque a equipa de Bruno Lage que foi campeã nacional e de ter levado os espanhóis a oferecer 126 milhões de euros para o contratar.

Num ano, em 365 dias, tudo mudou para João Félix. Ainda assim, o internacional português — outra das novidades do ano que passou, a estreia na Seleção Nacional — não podia este domingo festejar o 20.º aniversário dentro de campo e ao lado dos colegas de equipa, já que está lesionado há três semanas e ainda não voltou à competição. O Atl. Madrid, em casa contra o Espanyol, procurava apagar a derrota a meio da semana com o Bayer Leverkusen para a Liga dos Campeões e voltar às vitórias na Liga, já que empatou nas duas últimas jornadas. A irregularidade de Barcelona e Real Madrid, que apesar de já terem vencido esta jornada não têm tido facilidade em somar resultados positivos de forma progressiva, tem ajudado os colchoneros a manter um lugar no topo da classificação: à entrada para a receção ao Espanyol, a equipa de Simeone sabia que uma vitória significava ficar a um ponto de catalães e merengues (ainda que com mais um jogo) e aproveitar o empate da surpreendente Real Sociedad para subir à terceira posição.

Simeone surpreendia ao colocar Saúl, normalmente titular no meio-campo, na esquerda da defesa, deixando o brasileiro Renan Lodi no banco. Herrera cobria o lugar de Saúl no setor intermédio, Correa jogava de início na zona onde costuma estar João Félix e era Vitolo quem fazia companhia a Morata na frente de ataque, em detrimento de Diego Costa. Do outro lado estava um Espanyol que depois de uma temporada louvável em que se apurou para a Liga Europa está no penúltimo lugar da tabela e tinha o ex-Sporting Naldo e o ex-Benfica Ferreyra no onze inicial.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A primeira parte trouxe um Atl. Madrid à semelhança daquilo que tem mostrado desde o início da temporada: morno, sem especial vertigem e com alguma dificuldade em manter a posse de bola de forma prolongada. Numa jornada em que Real Madrid e Barcelona venceram e convenceram, com duas exibições seguras e confiantes, a equipa de Simeone continuava a demonstrar apenas que era individualmente superior ao adversário mas não conseguia traduzir essa discrepância em oportunidades de golo. Morata teve a grande ocasião da primeira parte ao rematar ao lado depois de isolado por Vitolo (16′) mas, para lá disso, o Atl. Madrid não teve capacidade para voltar a chegar perto da baliza de Diego López. Já na reta final antes da ida para o intervalo, numa fase em que Simeone parecia já estar a pensar no que ia dizer aos jogadores no balneário, o Espanyol chegou à vantagem através de um bom remate de Darder após uma perda de bola de Koke (38′).

Herrera foi titular no meio-campo do Atl. Madrid

O Atl. Madrid empatou no último instante da primeira parte, com um cabeceamento de Correa no seguimento de um cruzamento de Morata que ainda mereceu revisão do VAR (45+1′), e evitou chegar ao quarto primeiro tempo consecutivo sem marcar golos. Ainda assim e apesar de ter restaurado a igualdade, o que transparecia era que Morata, Vitolo e Correa estavam a entrar apenas por terrenos interiores, sem explorar o rompimento de linhas que poderia apanhar desprevenida a defesa catalã.

No início da segunda parte, eram notórias as melhorias de rendimento do Atl. Madrid, que subiu as linhas e empurrou o Espanyol às cordas graças ao entrosamento entre a dupla ofensiva e a presença de Correa nas costas de Morata e Vitolo. O resultado da melhoria dos colchoneros demorou pouco mais do que dez minutos a aparecer: Morata, que igualou Griezmann e chegou ao sexto jogo consecutivo a marcar pelo Atl. Madrid, finalizou com um grande remate um contra-ataque letal conduzido por Vitolo e confirmou a reviravolta (58′). Já nos descontos, depois de uma segunda parte tranquila em que a equipa de Simeone só precisou de controlar as ocorrências, Koke ainda concretizou uma jogada de Diego Costa (que entretanto rendeu Morata) e sentenciou o resultado (90+1′).

O Atl. Madrid subiu ao terceiro lugar da liga espanhola com menos um ponto que Real Madrid e Barcelona e voltou às vitórias a nível interno, apagando também a derrota europeia. Depois de uma primeira parte muito aquém daquilo que esta equipa prometeu na pré-temporada, Morata só precisou de um lance antes do intervalo e de outro no início da segunda parte para assistir e marcar e resolver, praticamente sozinho, uma partida que poderia ter-se tornado complicada. E dar um presente especial a João Félix.