“Hoje, durante 45 minutos, estivemos como 80% do Estádio José Alvalade costuma estar: em silêncio. Estes 45 minutos foram uma pequena amostra da falta de ambiente festivo e de apoio que existiria se não existíssemos (…) Não o fazemos porque somos pagos para isso, nunca o fizemos em troca de benefícios ou apoios, não o faremos porque nos mandam ou obrigam, fazemo-lo porque amamos incondicionalmente o nosso clube (…) Gostem ou não dos cânticos, dos tambores, das faixas ou das bandeiras, respeitem estes milhares de associados do Sporting que vão a todo o lado, faça chuva ou faça sol, seguindo um amor que nos une a todos (…)”.
No intervalo do encontro entre Sporting e FC Porto, a claque Directivo Ultras XXI, um dos Grupos Organizados de Adeptos que viu ser retirado o protocolo com o clube, deixava através das redes sociais um comunicado em que explicava o porquê do silêncio durante a primeira parte do clássico. Mas esse foi apenas mais um episódio entre a guerra interna que se vive em Alvalade, entre alguma pirotecnia e muitas mensagens à mistura.
Na Juventude Leonina, depois de uma homenagem a um associado da claque que faleceu recentemente, houve uma mensagem forte que ficou numa tarja: “É isto que querem?”. Antes, daquele setor onde se concentram os grupos organizados de adeptos, já tinham sido lançados para o relvado potes de fumo e tinham rebentado petardos, o que motivou assobios por parte do resto dos adeptos que estavam espalhados pelo estádio.
COMUNICADO pic.twitter.com/oWzX2AviMT
— Directivo Ultras XXI (@duxxioficial) January 5, 2020
Do lado da Torcida Verde chegaram também mensagens fortes, uma delas com numa tarja gigante. “Aprende a amar o clube que tens agora antes que o tempo te ensine a amar o clube que perdeste. A história nos julgará”, dizia. “Ninguém é obrigado a gostar de ninguém mas existe uma coisa que se chama respeito”, defendia outra.

▲ Topo sul teve várias mensagens internas ao longo de todo o clássico
Filipe Amorim
O segundo tempo trouxe mais tochas, incluindo uma que caiu no relvado e que quase inviabilizou um lance onde Vietto acertou no poste da baliza de Marchesín quando um bombeiro se preparava para entrar e retirar o artefacto pirotécnico e outras que deram a sensação de incêndio na zona onde se concentra o Directivo Ultras XXI. Além da derrota frente ao FC Porto, o Sporting tem à espera avultadas multas numa noite onde até a claque Super Dragões chegou a ter cânticos sobre Frederico Varandas, presidente dos leões, que na próxima quarta-feira irá reunir com o Governo para discutir uma série de temas ligados à violência no desporto.
Frederico Varandas vai ser recebido pelo Governo sobre violência no desporto