António José Teixeira, antigo diretor adjunto da equipa informação da RTP e ex-diretor da SIC Notícias, é a nova escolha do canal público para suceder à antiga diretora de informação, Maria Flor Pedroso, confirmou o conselho administração em comunicado. A escolha do jornalista surge duas semanas após a ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) ter chumbado a escolha de José Fragoso, diretor de programas da RTP.

No comunicado do conselho de administração da RTP, ao qual o Observador teve acesso, o canal defendeu-se do chumbo da ERC dizendo: “A RTP quer deixar claro que, no seu entender, o modelo em causa cumpria rigorosamente a Lei da Televisão, os Estatutos da RTP e o Contrato de Concessão”. Além disso, a estação pública afirma que o mesmo modelo “já tinha sido aplicado quatro direções anteriores”, estando “em vigor na Madeira e nos Açores”. A RTP diz ainda que, nesses casos, houve parecer positivo da ERC.

[O modelo com José Fragoso] Segue ainda as tendências e as boas práticas de operadores de serviço público europeu que caminho no sentido de convergência entre meios e plataforma. Esclarece-se também que a solução apresentada recebeu o parecer favorável do Conselho de Redação, que atua em autonomia e cuja a posição não tem de ser comunicada à ERc, podende até ser publicada após o parecer do regulador”, defende ainda o conselho de administração da RTP.

Para esta nova direção a RTP optou por soluções internas: como diretores adjuntos mantêm-se Hugo Gilberto e Adília Godinho, subindo a este cargo Joana Garcia, que era subdiretora, e Carlos Daniel. Já Rui Romano mantém-se na subdireção, passando Luísa Bastos, atual editora de política, para subdiretora.

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ERC chumba proposta para nova Direção de Informação da RTP

António José Teixeira, que integrava a equipa de informação do canal público desde 2016, quando entrou para direção de Paulo Dentinho, era comentador residente do canal.

A decisão pode pôr um ponto final à polémica saída de Maria Flor Pedroso e das adjuntas Cândida Pinto e Helena Garrido. A 16 de dezembro, Maria Flor Pedroso colocou “o seu lugar à disposição” por considerar não ter “condições para a prossecução de um trabalho sério” e a administração aceitou por não ter “outra alternativa, sublinhando o seu “currículo irrepreensível”.

Em causa esteve o relato feito pela coordenadora do programa, a 11 de dezembro, numa reunião com o Conselho de Redação a propósito do programa sobre o lítio, na qual adiantou que o “Sexta às 9” estava a investigar suspeitas de corrupção no âmbito do processo de encerramento do Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM), que passava pelo alegado recebimento indevido de “dinheiro vivo”.

Sandra Felgueiras acusou Maria Flor Pedroso de ter transmitido informação privilegiada à visada na reportagem (diretora do ISCEM, Regina Moreira), o que a diretora de informação da RTP “rejeitou liminarmente”, de acordo com as atas do Conselho de Redação e com a posição enviada à redação pela diretora de informação da RTP, a que a agência Lusa teve acesso.

Maria Flor Pedroso abandona direção de informação da RTP

Já no final de dezembro, a ERC deu um parecer negativo à composição da nova Direção de Informação da RTP, após a polémica demissão e escolha de uma nova direção dirigida por José Fragoso.

A ERC diz ter deliberado dar um parecer negativo “à proposta de acumulação dos cargos [para José Fragoso] de Diretor de Programas da RTP1, RTP Internacional e RTP3 com os cargos de Diretor de Informação da RTP1, RTP Internacional e RTP3″.

Na altura, a entidade reguladora dos media especificou ainda os riscos que teria, no seu entender, a acumulação de funções de José Fragoso. Existia “o risco de padronizar ou esbater” a diferença “de uma oferta que, em benefício da diversidade e do pluralismo, se pretende díspar” e ainda o risco de “tornar diferentes” ou diluir “as fronteiras entre informação e entretenimento”.

Além disso, a entidade justificou o chumbo dizendo que “a envergadura da tarefa de dar cumprimento cabal a todas as obrigações que impedem legal e contratualmente sobre cada um dos serviços de programas em causa, tanto na área da programação como da informação, afigura-se francamente incompatível com aquela centralização”.

*Notícia atualizada às 17h54 com informações do comunicado do conselho de administração da RTP.