Um agricultor, que viveu no início do século XIX no Reino Unido, considerou a homossexualidade como algo inato e que, por isso, condenar pessoas à morte por atos homossexuais é cruel. Uma visão mais tolerante do que se imaginava para a época e mais liberal do que muitos países têm hoje em dia.

Segundo a BBC e a CNN, estas ideias foram escritas por Matthew Tomlinson no seu diário. A entrada em que fala sobre a temática da homossexualidade data de janeiro de 1810 e relata o caso específico de um conhecido cirurgião da Marinha que iria ser enforcado por sodomia.

“Parece-me um paradoxo que homens, que são homens, tenham esta paixão; e mais concretamente, se são assim desde criança (como fui informado de que são) — se sentem tal inclinação e propensão, nessa altura da vida em que o género [ainda jovem se desenvolve] até à idade adulta; tem de ser considerado natural. Caso contrário, sendo um defeito da sua natureza… parece-me cruel condenar à morte por tal defeito”, escreveu o agricultor no seu diário, dando a entender que debateu a temática da homossexualidade e o caso em particular com as pessoas à sua volta.

Tomlinson faz mesmo uma alusão à religião. Partindo da ideia de que foi Deus a criar o homem, o britânico considera condenar alguém à morte por algo que nasceu com a pessoa e que faz parte do que ela é o mesmo que dizer que há alguma coisa de errada com Deus.

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Os diários de Tomlinson estão na Biblioteca de Wakefield desde os anos 50, mas só agora começaram a ser analisados pelo investigador Eamonn O’Keeffe.

“O que é surpreendente é que ele é um homem comum, não é nem um intelectual nem faz parte dos círculos boémios”, diz o historiador. “Apesar de ser uma época de perseguição e intolerância perante relações homossexuais, ele é uma pessoa comum que está a ir contra a corrente, que põe em causa o que lê nos jornais.”

O “gene gay” não existe, mas a homossexualidade (também) está no ADN