Pedro Passos Coelho considera “leviana” a forma “como a esquerda entende legislar” a questão da eutanásia, afirmou em declarações ao Expresso. O ex-primeiro-ministro não assinou a petição que defende um referendo nacional sobre o assunto, mas percebe que os assinantes “estejam inconformados com a ligeireza com que o Parlamento se prepara para aprovar a eutanásia”.

Esta não é a primeira vez que Passos Coelho opina sobre o tema da eutanásia. Em 2018, num artigo no Observador, o ex-primeiro-ministro considerou que o recurso à eutanásia pode simbolizar “uma demissão e uma desresponsabilização da sociedade na forma de ajudar os que sofrem”. Na altura escreveu que “se é mesmo com o sofrimento humano que estamos preocupados, e não com outro tipo de agendas, então talvez seja altura para decidir investir na expansão da rede de cuidados paliativos, mesmo que isso implique escolhas alternativas em termos de despesa pública”.

Mais do que uma questão de consciência

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Agora, nas declarações ao Expresso, Passos Coelho considerou que a petição pró-referendo tem “o mérito de chamar a atenção para a necessidade de se discutir seriamente o tema e provocar um sobressalto cívico”.

Para Pedro Passos Coelho, é necessário um debate mais aprofundado do tema antes de se tomar a decisão de legalizar ou não a eutanásia. No artigo publicado em 2018 lamentava implicitamente que o PSD não tivesse tomado uma posição formal sobre o assunto: “Se um partido se alheia de emitir opinião, então nega a sua razão de ser e coloca sobre os seus representantes uma responsabilidade desproporcionada”.

Até agora, Rui Rio apenas afirmou que “a posição histórica do PSD é de dar completa liberdade de voto e de opção às pessoas”: “Não me interessa rigorosamente nada o que outro possa pensar sobre isso, tal como ao outro não interessa o que eu penso”.

Cavaco Silva, também ele PSD, é mais claro nos ideais que defende, considerando que a aprovação da eutanásia é “a decisão mais grave para o futuro da nossa sociedade que a AR pode tomar”, como disse à Renascença.

Cavaco junta-se aos defensores do referendo sobre a eutanásia. Ex-Presidente pede que não se esqueçam os nomes dos deputados a favor

As votações no Parlamento sobre um referendo nacional à eutanásia serão a 20 de fevereiro.