Três em cada quatro idosos vacinaram-se contra a gripe, tendo sido alcançada em Portugal a meta de 75% de taxa de vacinação proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo dados do Vacinómetro esta quarta-feira divulgados.
Face à última vaga de vacinação da época gripal de 2018/2019, verifica-se um aumento na percentagem de vacinados com 65 ou mais anos (de 65,9% para 76%), adianta o relatório final do Vacinómetro, que monitoriza através de questionários a vacinação contra a gripe em Portugal. Houve também “um grande aumento” de adesão da parte dos portadores de doenças crónicas (de 55,8% para 72%), de pessoas com idades entre os 60 e os 64 anos (de 37,3% para 43,2%) e dos profissionais de saúde em contacto direto com doentes (de 52% para 58,9%).
Apesar do aumento da vacinação entre os profissionais de saúde, Jorge Brandão da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, afirmou à agência Lusa que “gostariam de ver um aumento mais significativo” porque “podem influenciar muito a vacinação da população em geral, nomeadamente dos grupos de risco”. A este propósito o médico apontou a vacinação das grávidas (23,5%), adiantando que 84% disse que se vacinaram por conselho de um médico ou de um profissional de saúde.
Mas o mais significativo, porque é a população com maior risco para o desenvolvimento de complicações resultantes de um processo gripal”, foi o aumento da vacinação nos maiores de 65 anos, “permitindo estar ao nível daquilo que a Organização Mundial de Saúde preconiza que era um nível vacinal de 75% neste grupo de risco”, salientou Jorge Brandão.
Para o pneumologista Filipe Froes, “este marco na cobertura vacinal, em Portugal, só foi possível em resultado da persistência e resiliência de todas as partes envolvidas: Direção-Geral da Saúde, peritos, prescritores, doentes e produtores de vacinas”.
“Numa altura em que vivemos uma nova ameaça pandémica por um outro vírus respiratório, este dado tem ainda mais impacto. É mais um fator positivo para o diagnóstico diferencial nos doentes com queixas de infeção respiratória, sobretudo na população de risco com idade superior a 65 anos. E esta vantagem é mais um contributo para o futuro da vacinação contra a gripe, sublinha o também coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para o novo coronavírus.
Os dados referem a região norte foi a que apresentou maior taxa de vacinação (64,5%), sendo o Algarve a zona do país com menor população vacinada (49,5%). Do total dos inquiridos que foram vacinados, excluindo profissionais de saúde em contacto direto com o doente, que se vacinaram gratuitamente no local de trabalho, 23,6% adquiriu a vacina na farmácia.
Os motivos que levaram à vacinação foram a recomendação do médico (61,8%), uma iniciativa laboral (24,6%), iniciativa própria (11,9%). Houve 0,6% que se vacinaram porque sabem que fazem parte de um grupo de risco para a gripe.
A época da vacinação contra a gripe arrancou no dia 15 de outubro de 2019 em Portugal, com dois milhões de vacinas disponíveis, 1,4 milhões para serem dadas gratuitamente a grupos de risco no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e cerca de 600 mil para venda em farmácias.
A DGS recomenda a vacinação aos profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados, incluindo os bombeiros, bem como a pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, grávidas e alguns doentes crónicos. A gripe é uma doença contagiosa e que geralmente se cura de forma espontânea. As complicações, quando surgem, ocorrem sobretudo em pessoas com doenças crónicas ou com mais de 65 anos.
O Vacinómetro, que se realiza pelo 11.º ano consecutivo, é promovido pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, com o apoio da Sanofi Pasteur.