(Em atualização)

A braços com o esforço de impedir o avanço do novo coronavírus, vários governantes e legisladores de todo o mundo acabaram por ser eles próprios vítimas desta pandemia.

Esta é uma lista em atualização da situação em vários países, desde os casos confirmados àqueles que, por terem tido contacto com pessoas que mais tarde foram diagnosticadas com o Covid-19, podem causar preocupação.

Europa

Portugal

Por agora, não há notícia de qualquer caso de governantes ou deputados infetados em Portugal.

Ainda assim, o Observador escreveu esta quinta-feira de manhã que a centrista Assunção Cristas se ausentou de uma reunião da Câmara Municipal de Lisboa, onde estava na qualidade de vereadora, depois de ter sabido que um amigo com quem jantou no fim-de-semana estava infetado com o novo coronavírus. Na sexta-feira, foi noticiado que o teste que Assunção Cristas fez deu negativo.

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A ex-líder do CDS deixou claro que não sente “quaisquer sintomas”, mas que, seguindo as “orientações das entidades competentes”, se colocou numa “situação de quarentena domiciliária preventiva”.

Também em Portugal, chegou a pensar-se que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, podia ter o novo coronavírus. A suspeita surgiu depois de o Presidente da República ter recebido em Belém uma turma de uma escola de Felgueiras onde um aluno foi confirmado como caso positivo. Marcelo Rebelo de Sousa acabou por fazer testes, que foram negativos. Ainda assim cancelou a sua agenda pública durante duas semanas e ficou a trabalhar a partir de casa, para dar o “exemplo”.

“Lavo a louça, ponho a roupa a lavar”. Marcelo comenta quarentena e prevê que não haja orçamento retificativo

Reino Unido

No Reino Unido, o primeiro-ministro, Boris Johnson confirmou no dia 27 de março que deu positivo num teste coronavírus. A novidade foi dada pelo próprio em vídeo publicado no Twitter.

“Desenvolvi alguns sintomas ligeiros de coronavírus, ou seja, temperatura alta e tosse persistente. Aconselhado pelo diretor-geral de saúde fiz um teste, que deu positivo”, disse.

“Vou ficar a trabalhar a partir de casa e em isolamento, que é o deve ser feito”, garantiu o chefe de governo do Reino Unido. “Mas não se preocupem porque, graças às maravilhas da tecnologia vou estar em contacto com a minha equipa para liderar a luta nacional contra o novo coronavírus.”

Nas últimas semanas, Boris Johnson tem estado em contacto com a sua equipa de governo, além de ter estado em várias sessões parlamentares. Ainda quarta-feira, dia 25 de março, esteve na Câmara dos Comuns para a sessão semanal de debate naquele parlamento. Além disso, a 11 de março esteve numa reunião presencial com a rainha Isabel II. A casa real diz que a monarca está “bem de saúde” e que durante a reunião com Boris Johnson foram tomadas as “devidas precauções”.

Dias antes, também o príncipe Carlos, herdeiro da coroa britânica, testou positivo. O príncipe, que tem 71 anos, anunciou que vai ficar em isolamento na Escócia. Também a sua mulher, Camila, duquesa da Cornualha, ficará em isolamento — embora tenha dado negativo no teste para o novo coronavírus.

Antes de Boris Johnson, já a secretária de Estado da Saúde, Nadine Dorries, foi diagnosticada com a doença. A governante confirmou que o teste tinha dado positivo a 10 de março. “Tem sido bastante mau, mas espero que o pior já tenha passado. Estou mais preocupada é com a minha mãe, que tem 84 anos, e está na minha casa e começou a tossir hoje. Amanhã vai ser testada”, escreveu a secretária de Estado da saúde. Três dias depois, na sexta-feira, 13 de março, Nadine Dorries anunciou que a sua mãe tinha dado positivo para coronavírus.

De acordo com o The Times, Nadine Dorrie esteve em contacto com “centenas de pessoas” antes de ter sido diagnosticada com o novo coronavírus — incluindo o o primeiro-ministro Boris Johnson e outros dois membros do governo britânico.

Espanha

Em Espanha, há três ministras infetadas com o novo coronavírus: a vice-Presidente de Governo e ministra da Presidência, Carmen Calvo; a ministra da Igualdade, Irene Montero; e a ministra da Política Territorial e Função Pública, Carolina Darias — esta última foi entretanto dada como clinicamente recuperada, depois de um período de isolamento.

Carmen Calvo

A primeira a ser diagnosticada foi Irene Montero, o que levou imediatamente a que o seu colega, e também marido, o vice-Presidente de Governo Pablo Iglesias, ficasse de quarentena. Ato contínuo, todo os membros de governo foram testados, até porque Irene Montero tinha estado reunida em conselho de ministros na véspera de ter sido diagnosticada. No final de contas, apenas a ministra Carolina Darias acusou positivo, tendo entretanto recuperado. O Presidente de Governo, Pedro Sánchez, não tem, por isso, Covid-19 — mas a sua mulher, Begoña Gómez, deu positivo.

A agenda de Irene Montero levantou algumas preocupações. Esteve na manifestação feminista do 8 de março (que juntou 120 mil pessoas em Madrid, de acordo com a contagem das autoridades), deu uma entrevista na ETB e teve uma reunião de trabalho com a rainha Letícia na Universidad Nacional a Distancia (UNED) e com representantes da Associação para a Prevenção, Reinserção e Atenção à Mulher Prostituída. Segundo o El Español, as duas mulheres cumprimentaram-se com um beijo.

O facto de a ministra da Igualdade ter estado com a rainha Letícia causou algum alarme. Além disso, também já tinha sido notícia que duas alunas do colégio onde estudam a Princesa das Astúrias e a Infanta Sofía. Por tudo isto tanto o rei como a rainha foram testados — os resultados foram ambos negativos.

Ainda em Espanha, houve também a infeção confirmada da deputada do PP e ex-presidente do Congresso dos Deputados, Ana Pastor. Além disso, três políticos do Vox (o líder, Santiago Abascal, o número dois, Javier Ortega Smith, e o deputado Carlos Zambrano) foram diagnosticados com coronavírus depois de, no domingo, 9 de março, terem participado no congresso do partido no Palacio Vistalegre.

O partido de extrema-direita acabou por reconhecer ter sido um “erro” realizar aquele congresso, aproveitando esse mea culpa para atirar contra o governo de Pedro Sánchez. “Tivemos a ingenuidade de acredita que este Governo colocaria a saúde dos espanhóis à frente da sua agenda propagandística”, lia-se num comunicado do Vox, em alusão à manifestação feminista do 8 de março. “E foi um erro termos confiado neste governo, no qual não deveríamos ter caído.”

Mais tarde, a 16 de março, segunda-feira, também a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, anunciou ter dado positivo num teste. No início da semana que passara, Isabel Díaz Ayuso já tinha feito o teste, tendo dado negativo dessa vez. Porém, no dia 16 de março, voltou a fazer novos testes e a doença ficou confirmada. No domingo, deu uma entrevista por videoconferência, onde demonstrou estar com tosse.

Também ao nível de governo autonómicos, o presidente da governo regional da Catalunha (Quim Torra) e o seu número dois (Pere Aragonès) deram positivo em testes realizados no dia 16 de março, segunda-feira.

França

Em França, os testes ao ministro da Cultura, Franck Riester, deram positivo para o novo coronavírus. O anúncio foi feito pelo próprio a 10 de março, no Twitter. “Fico a trabalhar a partir da minha casa, em articulação com o meu gabinete e com as equipas do Ministério da Cultura”, escreveu.

Além do ministro da Cultura, há também vários deputados franceses com coronavírus. O primeiro a ser infetado foi também o que está na situação mais grave: trata-se do deputado Jean-Luc Reitzer, d’Os Republicanos, que está internado numa unidade de cuidados intensivos.

Há também os casos da deputada socialista Sylvie Tolmont e dos deputados Guillaume Vuilletet e Elisabeth Toutut-Picard, ambos do República Em Marcha, partido de Emmanuel Macron. Além dos quatro deputados, há ainda dois funcionários da Assembleia Nacional com coronavírus.

Chegou ainda a haver alarme em relação à possibilidade de o próprio Presidente de França estar infetado — isto depois de o seu chefe de gabinete, Patrick Strzoda, ter estado em contacto com uma pessoa que tinha testado positivo. Porém, quando chegou o resultado do teste àquele colaborador próximo de Emmanuel Macron, o resultado foi negativo.

Reino Unido

No Reino Unido, a secretária de Estado da Saúde, Nadine Dorries, foi diagnosticada com a doença. A governante confirmou que o teste tinha dado positivo a 10 de março. “Tem sido bastante mau, mas espero que o pior já tenha passado. Estou mais preocupada é com a minha mãe, que tem 84 anos, e está na minha casa e começou a tossir hoje. Amanhã vai ser testada”, escreveu a secretária de Estado da saúde. Três dias depois, na sexta-feira, 13 de março, Nadine Dorries anunciou que a sua mãe tinha dado positivo para coronavírus.

De acordo com o The Times, Nadine Dorrie esteve em contacto com “centenas de pessoas” antes de ter sido diagnosticada com o novo coronavírus — incluindo o o primeiro-ministro Boris Johnson e outros dois membros do governo britânico.

Itália

Em Itália, o país que, depois da China, é o que tem mais casos e mortes de coronavírus em todo o mundo, o líder do Partido Democrático e presidente da região de Lazio, também acusou positivo num teste de coronavírus.

Trata-se de Nicola Zingaretti, que, a 7 de março, colocou um vídeo nas redes sociais onde anunciou o próprio diagnóstico. “Os médicos disseram que sou positivo de Covid-19. Estou bem, mas terei de ficar em casa durante os próximos dias. Continuarei a fazer todo o trabalho necessário a partir daqui”, disse.

A 6 de fevereiro, um mês antes de ter, ele próprio, contraído o novo coronavírus, Nicola Zingaretti deu uma entrevista ao canal La7 em que criticava “um excesso em torno do alarmismo, ou até de algum histerismo”, que dizia ser “bastante injustificado”. Entre risos, disse ainda que na região de Lazio (onde se insere Roma), à altura, se tinham diagnosticado 5 mil casos de gripe sazonal e poucos com coronavírus. “Isto dá a dimensão do quão infundado é o alarmismo”, disse Nicola Zingaretti.

Ainda em Itália, há pelo menos quatro presidentes de câmara que já são casos confirmados: Marcello Cardona, de Lodi; Elisabetta Margiacchi, de Bergamo; Attilio Visconti, de Brescia; Rinaldo Argentieri, de Matera.

América

Estados Unidos da América

Para já, ainda não há nenhum político norte-americano de destaque a acusar positivo num teste de coronavírus. Porém, há dois senadores (Ted Cruz e Rick Scott) e quatro congressistas (Matt Gaez, Doug Collins, Paul Gosar e Mark Meadows) que entraram voluntariamente em quarentena depois de terem contactado com pelo menos uma pessoa que esteve no CPAC, o evento anual mais importante do meio político conservador nos EUA, e que testou positivo.

Secretário de Estado de Bolsonaro infetado com Covid-19 esteve com Trump, Pence e o próprio Bolsonaro

O facto de tanto o Presidente Donald Trump como o vice-Presidente Mike Pence terem estado no CPAC levantou algumas questões sobre a possibilidade, mesmo que remota, de também eles poderem estar infetados. E a especulação em torno desse cenário aumentou exponencialmente quando foi divulgada uma fotografia de Fábio Wajngarten — o porta-voz de Jair Bolsonaro, que foi diagnosticado com Covid-19 — ao lado de Donald Trump e de Mike Pence.

Questionado sobre a possibilidade de ele próprio estar infetado, Donald Trump respondeu: “Não estou nada preocupado”. A porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham, disse que “tanto o Presidente como o vice-Presidente tiveram interações muito reduzidas com o indivíduo cujos testes foram positivos”. Por isso, acrescentou aquela porta-voz, a atual situação de Trump e Pence “não requer que eles sejam testados”

Brasil

No Brasil, o Presidente Jair Bolsonaro terá acusado positivo num primeiro teste ao novo coronavírus, mas o resultado da contraprova deu negativo.

A informação de um primeiro teste positivo foi avançada por um colunista do jornal O Dia e confirmada à Fox News por Eduardo Bolsonaro, deputado e um dos filhos do Presidente. Este, porém, disse no Twitter pouco depois de a Fox News ter publicado aquela notícia de que corriam “muitos boatos e pouca informação” e disse que “o teste ainda não foi concluído”, sem especificar se falava de um primeiro ou de um segundo teste.

No Twitter, jornalista da Fox News John Roberts manteve a versão de que Eduardo Bolsonaro afirmara àquele canal que o primeiro teste do seu pai tinha dado positivo. Porém, acrescentou aquele jornalista, Eduardo Bolsonaro disse num contacto posterior com a Fox News que o teste tinha dado negativo — contradizendo assim a informação que teria dado numa primeira instância.

Esta sucessão de notícias surgiu depois de o secretário de Comunicação Social, Fábio Wanjgarten, ter sido diagnosticado com o novo coronavírus.

Este desenvolvimento levou a que Jair Bolsonaro e toda a comitiva que viajou com o Presidente para os EUA ficasse agendada para fazer testes já esta quinta-feira. Entre essas pessoas estão a primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente. Nenhum demonstrou ter sintomas.

Ainda na terça-feira, 10 de março, Jair Bolsonaro dizia que “obviamente temos, no momento, uma crise, uma pequena crise”, dizendo que a “questão do coronavírus” é “muito mais fantasia” que os “media propagam pelo mundo todo”.

Canadá

No Canadá, a mulher do primeiro-ministro, Sophie Trudeau, testou positivo para o novo coronavírus. O primeiro-ministro, Justin Trudeau, não terá sido testado porque não apresenta sintomas. Ainda assim, vai ficar em isolamento durante 14 dias.

Ásia

Irão

O Irão é um dos países mais afetados com o coronavírus e alguns seus políticos não escaparam à pandemia. O que chamou mais a atenção foi o vice-ministro da Saúde, Iraj Harirchi, que, antes de ter anunciado que tinha sido infetado, fez uma conferência de imprensa e deu uma entrevista num estúdio de televisão. Nas duas ocasiões, Iraj Harirchi foi visto a transpirar, a tossir e a espirrar.

A lista de políticos iranianos infetados com o novo coronavírus é longa. A título de exemplo, há o deputado Mojtaba Zolnour, eleito pela cidade de Qom, onde o surto começou no Irão; Mohamad Reza Ghadir, responsável pela gestão da crise de coronavírus naquela cidade; e também Esmail Najjar, que coordena o combate ao coronavírus a nível nacional. Estão todos vivos e estáveis. Pelo contrário, houve outros que morreram na sequência de terem contraído o novo coronavírus: foi o caso de dois deputados (Fatemeh Rahbar e Mohammad Ali Ramazani) e de Mohammad Mirmohammadi, conselheiro do Líder Supremo do Irão, o aiatola Ali Khamenei.